domingo, 16 de setembro de 2012

LÓGICO! É JUSTO!


Descida do morro, avistando a Praia Dura (1973)

                Há três dias (13/9), foi lançado o livro Ubatuba – onde a lua nasce mais bonita, de Justo Arouca, um caiçara de Caraguatatuba que conheceu Ubatuba em meados do século passado, por ocasião da abertura da estrada que ligou por terra os dois municípios (Ubatuba – Caraguatatuba).

                Arouca era funcionário do Departamento de Estrada de Rodagem. A partir do primeiro contato com a nossa cidade, ficou apaixonado e fez questão de deixar suas boas marcas por aqui. Atualmente mora em Taubaté. A sua obra nos brinda com detalhes da empreitada da abertura da estrada, mas o mais importante são os aspectos da sociedade ubatubana, da atuação dos jovens caiçaras e dos desafios enfrentados com grande empolgação. Espero, após mais leitura, apresentar as pérolas descritas pelo autor.

                O meu exemplar foi um presente do amigo Jorge Ivam. Como é bom ter amigos que sabem das nossas paixões! Agradeço muito por isso.

                Eis um “aperitivo” para começar:

                A luta mais sofrida da estrada foi vencer a serra do Pinhão, entre a Praia Dura e o Lázaro. Daí até o bairro da Enseada levou quase três anos de trabalho duro. Esse pedaço de tempo dá a exata dimensão da abnegação dos rodoviários nessa jornada heroica. Em setembro de 1952 os serviços tinham apenas chegado no Rio Escuro. O empenho da equipe de obras contando apenas com equipamentos rudimentares, basicamente sustentados por carrocinhas puxados a burro, exigiam muito esforço braçal. Dois compressores de ar comprimido para funcionar marteletes que furavam pedras e dinamites para explodir rochas gigantes chegaram. Para derrubar e arrastar grandes toras de árvores foi preciso braços fortes e um sonho extraordinário. Enquanto isso o pessoal de obras-de-arte preparava a estrutura da ponte provisória sobre o Rio Escuro, suficiente robusta para a travessia de um pequeno trator de esteiras e outros veículos.

                Ao ler essa parte, me recordei de uma narrativa do tio Salvador, quando morava na Fortaleza: dizia que, numa das explosões no trecho da estrada citado, ele e o tio  Genésio estavam no mangue retirando madeira para a construção de paredes de pau-a-pique.  Foi quando eu soube que,  devido ao contato constante com a água, a madeira do mangue era preferida na hora da construção da casa caiçara, do envaretamento para o embarreamento. Acho até que já contei este detalhe: a canoa preferida para o transporte de cargas tinha o nome de Cu grande. Era feia, de aproveitamento de uma tora de ingazeiro, cuja proporção não permitia seguir a estética de uma canoa normal. Ela pertencia ao tio Genésio. Por isso que, ao necessitar de uma embarcação adequada para transportes de cargas, as pessoas da Praia da Fortaleza diziam:

                - Vamos na Cu grande do Genésio.

                Enfim, devemos agradecer ao Justo Arouca por mais uma descrição com objetivo de conhecer mais a história de Ubatuba.           Lógico! É justo!

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