Eis o tio João Nanico sempre bem acompanhado! |
Duas
festas continuam – ainda! - na tradição
da praia Grande do Bonete, em Ubatuba: São Sebastião, comemorado em janeiro, e,
Sant’Ana, cujas honrarias ocorrem em julho, logo depois do tempo da tainha. Nessas
ocasiões as pessoas do lugar se mobilizam para apresentar o que têm de melhor aos
visitantes. Um exemplo é a famosa Consertada, um licor dos antigos.
Hoje,
muitos dos frequentadores dos festejos são turistas, devido ao tempo de férias. Porém, em outros tempos, um mundaréu de caiçaras vinha de todos os
lugares, até de bairros e de ilhas relativamente longe dali.
As
comemorações aconteciam em dois momentos: o primeiro era a dimensão sagrada com
momento de oração na capela, seguido de comes e bebes e um leilão beneficente;
depois, a parte profana, consistia em danças (bate-pé, ciranda, baile...) que
aconteciam na casa de alguém disposta a ceder com muita boa vontade um modesto
espaço, onde os casais se expunham, tinham “contatos mais ousados” etc. Também
era um espaço para apreciar os dons artísticos do povo caiçara através dos
instrumentistas, músicos, declamadores, coreógrafos e outros.
Um
desses bailes, ainda na década de 1960, foi na casa do finado tio João da Vargem.
Nem tinha passado uma hora, mas os casais estavam eufóricos, com os músicos no maior fôlego e suor. Festa
boa! De repente alguém cisma de fazer uma brincadeira: foi atrás da casa, onde ficavam os ninhos das
galinhas, abaixou um dos balaios que servia de chocadeira e ali defecou
apressadamente. Bosteou tudo! É lógico que imediatamente a galinha aprontou a
maior barulheira. O dono da casa, munido de um flashlight (lanterna), ao
deparar-se com o inusitado troço entre os ovos, ficou raivoso:
- O baile tá acabado. É muita bandalheira num
divertimento que ia tão bem, com tanta gente comportada.
E
continuou o sermão:
-
Vocês me conhecem bem. Sabem que eu não sou de xingar ninguém. A sorte de vocês é que a minha mulher,
a Maria, tá dormindo. Tivesse ela acordada que
vocês escutariam coisas medonhas. Ela é parente do Mané Bento! Com ela
não tem esse negócio de pensar muito e de se conter para não destratar ninguém.
É isto que eu digo: se ela tivesse
acordada, metia a boca que acabava!
Por
fim, encerrando a falação:
-
Agora vão embora. É sorte de vocês que a Maria tá dormindo!
Quem
me contou este fato, rindo muito, foi o saudoso tio João Nanico.
Ah! Se a tia Maria visse aquilo!
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