Em 1975 já era possível saber qual seria o futuro do jundu da Praia Dura. |
Por
que os caiçaras deixaram o jundu das praias e foram morar nos sertões, longe do
mar?
Escolhi
alguns textos para que as novas gerações entendam a lógica que substituiu as casa
simples (nas áreas preservadas junto ao mar, de todos) por casarões murados que obrigaram até
os guaruçás a abandonarem suas tocas.
Hoje
deixarei que a Fátima de Souza dê o seu ponto de vista. A sua parte materna
ocupavam o jundu da Praia Dura. O seu avô era o Inspetor de Quarteirão, que
representava a polícia e a justiça numa determinada área. Estamos recordando do
caiçara Salvador Carlos. “A sua jurisdição ia do Rio Escuro à Lagoinha. Não
tinha remuneração, somente a soberba de ser um homem respeitado e assediado”.
O
texto, parte de seu livro Arrelá Ubatuba, explica melhor:
“Dias atrás resolvi fazer uma visita aos
meus parentes que moram no bairro da Folha Seca, nas terras herdadas de meu avô, o Inspetor de Quarteirão.
Assim como muitos
outros caiçaras que moravam na beira da praia, ele também foi convidado a deixar
seu lugar com seu rancho de canoa, plantação e criação, para dar lugar às
grandes mansões que vieram em nome do
progresso.
Essas moradias à
beira mar, aos olhos dos especuladores imobiliários, não tinham nada a ver com
o projeto daquele condomínio a ser construído. Uma vez que sua simples e
singela casinha estava assentada numa área que valia ouro. Sentindo-se inseguro
com uma segunda família para cuidar, o Inspetor de Quarteirão aceitou uma casa
num pedaço de terra na Folha Seca, próximo à Serra do Corcovado. Na sua concepção era uma troca
justa porque o “Doutor” tinha sido muito convincente alegando que estava
proporcionando aquele sonho de ter um sitiozinho mais produtivo. Ledo engano.
O tempo foi
passando, e, ao correr atrás do “grileiro” em busca de sua documentação que lhe
garantiria ser proprietário das terras para onde foi “jogado”, a decepção lhe
caiu como uma flecha certeira. Tinha sido ludibriado. Hoje, seus filhos que
moram lá estão na justiça com um processo de usucapião”.
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