terça-feira, 18 de setembro de 2012

É BOM NÃO ESQUECER



Manezinho dando os últimos retoques na canoa, no jundu da Praia do Flamengo (Arquivo Júlio)

                Ubatuba é terra de canoas. De lindas canoas!

                O meu pai sempre fala de importantes canoas do passado, de canoas de seu tempo de criança. Eu cheguei a conhecer algumas, ou cacos pelos monturos. O finado Peres, na Praia do Lázaro, mantinha uma em seu restaurante como lembrança. Hoje também tem muitas canoas que nos chamam a atenção. Tem até colecionadores de canoas!

                Quando ainda era viva a Ivete Maciel, da Praia da Enseada, numa manhã, ao passar em frente da sua simpática casa, o antigo Armazém do Maciel, eu a avistei no terreiro cuidando das plantas. Lógico que parei para conversar! Foi quando vi, no interior do salão do antigo ponto comercial, algumas canoas. Pronto! Foi inevitável pedir para dar uma olhada e especular um monte de coisas. Ela ficou contente pelo meu interesse, disse que era uma coleção mesmo. Se não me falha a memória, tratava-se de uma iniciativa de um filho  ou genro dela.

                Ao escrever isto agora, vou lembrando de alguns leitores que já me mandaram mensagens dizendo que são admiradores da canoa caiçara. É por isso que, depois da indelével marca das grandes canoas de voga tão essenciais nos transportes até meados do século XX, entrou para a nossa história a Maria Comprida, feita exclusivamente para as regatas, cujo maior incentivador foi o professor Joaquim Lauro, um pirangueiro de Lorena, mas que adotou Ubatuba como morada até os seus últimos dias. Ou seja: se acaiçarou.

                Vale resumir o que o Justo incorporou à sua obra em referência à canoa Maria Comprida:

                “Em 1973, no dia 1º de junho, pela primeira vez aconteceu a ‘Jornada Marítima Ubatuba-Santos’, uma prova com percurso longo, com cinco remadores, porém sem caráter de competição [...] Esse percurso, de aproximadamente 215 quilômetros em linha reta, foi idealizado para lembrar um fato histórico do Brasil [...]”.  Naquele ano, estava era a comemoração de 410 anos da Paz de Yperoig.

                “A saída da Maria Comprida foi no dia 1º de junho, às 4h45, tripulada pelos cinco remadores, em frente à Capela Nossa Senhora das Dores no Itaguá, chegando em São Sebastião às 15h05 do mesmo dia. De lá saíram às 4h15, chegando em Bertioga às 14h45 do dia 2 de junho. De Bertioga continuaram a viagem, saindo às 6h30 e chegando finalmente em Santos às 10h15 do dia 3 de junho, atracando na Ponta da Praia, em frente ao Clube de Regatas Vasco da Gama”.

                Quer saber quantas horas os cinco valorosos caiçaras remaram? É só somar!

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