Manezinho dando os últimos retoques na canoa, no jundu da Praia do Flamengo (Arquivo Júlio) |
Ubatuba
é terra de canoas. De lindas canoas!
O
meu pai sempre fala de importantes canoas do passado, de canoas de seu tempo de
criança. Eu cheguei a conhecer algumas, ou cacos pelos monturos. O finado
Peres, na Praia do Lázaro, mantinha uma em seu restaurante como lembrança. Hoje
também tem muitas canoas que nos chamam a atenção. Tem até colecionadores de
canoas!
Quando
ainda era viva a Ivete Maciel, da Praia da Enseada, numa manhã, ao passar em
frente da sua simpática casa, o antigo Armazém do Maciel, eu a avistei no
terreiro cuidando das plantas. Lógico que parei para conversar! Foi quando vi,
no interior do salão do antigo ponto comercial, algumas canoas. Pronto! Foi
inevitável pedir para dar uma olhada e especular um monte de coisas. Ela ficou
contente pelo meu interesse, disse que era uma coleção mesmo. Se não me falha a
memória, tratava-se de uma iniciativa de um filho ou genro dela.
Ao
escrever isto agora, vou lembrando de alguns leitores que já me mandaram
mensagens dizendo que são admiradores da canoa caiçara. É por isso que, depois
da indelével marca das grandes canoas de voga tão essenciais nos transportes
até meados do século XX, entrou para a nossa história a Maria Comprida, feita exclusivamente para as regatas, cujo
maior incentivador foi o professor Joaquim Lauro, um pirangueiro de Lorena, mas
que adotou Ubatuba como morada até os seus últimos dias. Ou seja: se acaiçarou.
Vale
resumir o que o Justo incorporou à sua obra em referência à canoa Maria
Comprida:
“Em 1973, no dia 1º de junho, pela primeira
vez aconteceu a ‘Jornada Marítima Ubatuba-Santos’, uma prova com percurso
longo, com cinco remadores, porém sem caráter de competição [...] Esse
percurso, de aproximadamente 215 quilômetros em linha reta, foi idealizado para
lembrar um fato histórico do Brasil [...]”. Naquele ano, estava era a comemoração de
410 anos da Paz de Yperoig.
“A saída da Maria Comprida foi no dia 1º de
junho, às 4h45, tripulada pelos cinco remadores, em frente à Capela Nossa
Senhora das Dores no Itaguá, chegando em São Sebastião às 15h05 do mesmo dia.
De lá saíram às 4h15, chegando em Bertioga às 14h45 do dia 2 de junho. De
Bertioga continuaram a viagem, saindo às 6h30 e chegando finalmente em Santos
às 10h15 do dia 3 de junho, atracando na Ponta da Praia, em frente ao Clube de
Regatas Vasco da Gama”.
Quer saber
quantas horas os cinco valorosos caiçaras remaram? É só somar!
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