Chegou a primavera. Viva a natureza! |
A
respeito da história da comunidade da Praia da Fortaleza, lugar da mamãe, do
Nhonhô Almiro e de tantos outros, darei agora, com a ajuda das lembranças do tio
Salvador, a continuidade.
Após
a construção da Capela São João Batista, em 1940, era preciso mantê-la em
ordem, com as condições apropriadas para acolher e abrigar os devotos. Lugar assim
Sempre tem os constantes reparos, os utensílios e os materiais de consumo
comuns no contexto religioso. Para conseguir isso, Nhonhô se valia de alguns
expedientes, principalmente das festas juninas em honra a Santo Antonio e São
João. Elas marcaram época!
As
festas da capela eram bem concorridas, vinha gente de todo lugar. Após a
liturgia regular aconteciam os leilões. Saber o que tinha como prendas era
curiosidade de todos. Arrematá-las já era outra coisa. Só depois de tudo
arrematado é que todos, sobretudo os jovens, acorriam para o lugar do bate-pé,
do baile.
Com
a finalidade de angariar prendas, o Nhonhô fazia o mesmo que nas andanças para
a construção da capela: ia de casa em casa, andava por outros lugares e, no
comércio do centro da cidade, recebia as mais variadas e valiosas. Estava
garantido o sucesso dos leilões (e das
festas)! Após isso, o abnegado e devoto caiçara da cepa dos Mesquitas
(Observação: deste ramo e dos Amorim vem a nossa descendência árabe) pedia que
tudo fosse registrado. Uma perfeita contabilidade, seguida por prestação de
contas à comunidade, atestava a honestidade do homem. Porém, há sempre alguém
que, por inveja, levanta calúnias. Desgostou-o, numa ocasião, uma intriga de
que ele tinha casa de telha porque usava verba da capela. Ao seu afastamento,
os trabalhos foram tocados por seu irmão Maneco Armiro e sua esposa Ana.
Conclui
o tio Salvador:
“Naquele
tempo de muita pobreza a gente via que as pessoas tinham fé. As palavras bíblicas
serviam de orientação à vida. Desse modo educaram os filhos, se orientaram em
seu dia a dia. Resultou no tipo de comunidade que nós vivemos até há pouco
tempo. Era pouca gente, todos se conheciam e praticavam a caridade”.
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