Arte em casa (Arquivo JRS) |
Embarcados pelas comunidades isoladas (Arquivo Rê) |
Juntando a fome com a vontade de comer, conforme
o ditado, o Beto patrocinou uma viagem de barco a um grupo de evangélicos para
a Ilha da Vitória. Seguiu junto munido de equipamentos e ingredientes à aula
que esperava dar lá. Chegou se admirando pelo fato de todas as moradias estarem
localizadas no alto do morro. Expliquei, depois, que é um sentimento que vem
dos primórdios: era medo do morro descer e soterrá-los caso morassem nas partes
baixas, perto da costeira. (Na ilha vizinha, em Búzios, não tem essa crença e
esse costume). Ele também constatou a falta de água aos pobres daquele lugar,
naquela época seca, sem chuva. Ah! Também ficou desapontado pelo fato de
ninguém se interessar no aprendizado de fazer pão. Quer coisa pior para um padeiro
com toda disposição para ensinar a fazer pão, esperando realizar algo tão
sonhado e tão bem planejado?
Não importa, amigo! O que valeu foi a sua
intenção e o seu empenho em realizá-la! Não posso dizer muita coisa a respeito
da desmotivação dos ilhéus, das ilhoas, mas recordo-lhe que a culinária caiçara
nunca prezou pelas novidades além daquilo que estava ao nosso alcance. Assim
comíamos das espécies de raízes, de algumas ervas, dos frutos do mar, das
frutas da terra, da caça e da pesca. Do milho saía o piché. O quê? Nunca comeu?
Da mandioca, além da farinha, tinha bolo, tapioca e beiju. Isso tudo que é derivado de trigo (macarronada,
pães, bolos etc.) não constava como dote à mamãe, às minhas avós e aos mais
antigos. “Pizza não existia quando eu era
criança”, brinco sempre com os meus familiares após uma rodada dessa iguaria deliciosa.
Em tempo: recomendo a leitura do texto A VITÓRIA FOI DOS PEITOS, de
março de 2011.
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