Eis o cio dos candidatos: quem alcançará o prêmio? (Foto: Júlio) |
É impressionante como aconteceu isto: da união de um caiçara de Caraguatatuba com uma caiçara de Ubatuba, nasceu o Júlio, o nosso sensível e criativo caiçara que consegue, no presente texto, ir ao âmago da disputa pelo poder.
É
como se uma fêmea começasse a exalar o seu cheiro para atrair, dos mais
diversos e longínquos lugares, seus machos, para alguns dias e algumas noites
de amor.
Amor para preservação e manutenção da espécie. Amor que, para a fêmea
que oferece, prazeroso sem dúvidas, mas muito sofrido, sacrificado. Sofrido
também para o macho, que de seu habitat tranqüilo e costumeiro, passa a ser
também de sacrifício e disputa, tudo para conseguir o troféu maior: o ato
sexual. Tudo em função da perpetuação da espécie. Tudo coisa da natureza que
Deus criou.
São
assim também as cidades em épocas de eleições, com cios que acontecem de quatro
em quatro anos e que duram aproximadamente três meses. Suas fêmeas (Prefeituras
e Câmaras Municipais) exalam o cheiro do poder e do dinheiro. Seus machos (os
candidatos), atraídos por esse odor, enlouquecem em disputa de tão almejado
troféu. Esse cio transforma cidadãos. O “bicho” começa delirando ao pensar no
poder e no dinheiro, abandona o lar e larga sua família, passa a andar em
bando, vira santinho, faz promessa, fala mentira, xinga, bufa, briga e no final
volta para casa acabadinho, magro, endividado, com olheiras e com ar de
profunda anemia.
São muitos por uma fêmea, são muitos querendo o seu amor, o
seu amparo, o seu poder, o seu dinheiro fácil. Não há riscos estar no prazer
desse cio político, haverá talvez, decepções, desilusões, surtos psicóticos.
Passado o cio tudo volta ao normal. Ao vencedor vida fácil, ao perdedor o
consolo de esperar mais quatro longos anos e tentar novamente. Se for astuto,
um bom papo de aconchavo, junto ao vencedor, fica resolvido os problemas
deixados pelo cio. Vida fácil também terá. É tudo em função da perpetuação da
espécie. Tudo coisa da natureza que o poder criou. Tudo as custas do trabalho
suado do povo.
Nota: Este texto, por sua atualidade, foi republicado a pedido do autor.Fonte: O Guaruçá
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