Apresento-lhes Tunicana, a irmã da Maria comprida. Como está conservada! |
É
legal encontrar amizades distantes no tempo e no espaço. Quase sempre é muito
bom!
O
Júnior, filho do Peterson, dono de uma mansão no morro da Santa Rita, é meu
conhecido desde a década de 1970, no tempo em que o nosso país era governado pelo
general Emílio Garrastazu Médici. Nossos pais, de vez em quando, conversavam em
torno da política da época. A gente, escutando a prosa em retalhos, começava a
entender um pouco mais do que era permitido, sem deixar de aproveitar a vida de
criança.
Então,
voltando ao assunto, o Júnior aproveitava as férias brincando conosco, andando
pelas costeiras e mergulhando em busca de lagostas e preguais. Era em sua
bicicleta que nós aproveitávamos para cansar de pedalar. Afinal, pouquíssimos
caiçarinhas eram privilegiados em ter uma monareta,
uma bicicleta pequena. Surpresa boa foi encontrá-lo, dias desses, depois de
muito tempo no estacionamento do supermercado, no centro da cidade.
Estando
os dois sem pressa alguma, fomos andar-prosear na beira da praia do Cruzeiro.
Chegamos até no espaço da festa de São Pedro; nos demoramos apreciando a
canoa Maria Comprida, onde lhe contei do meu primeiro contato com
essa embarcação, devidamente construída no final da década de 1960 somente para
as competições. Por ser o tio Salvador
Mesquita um dos bons remadores da época, a embarcação recebeu um tratamento
final no quintal do nhonhô Almiro, na praia da Fortaleza. Que beleza ficou após o tratamento recente
aplicado pelo Renato, neto do velho Peralta da praia das Sete Fontes!
Enfim,
recordamos um monte de coisas que fizeram parte de nossas vidas há quarenta
anos. Ele, assim como eu, lamentou das “mudanças perniciosas à Ubatuba”. Em
referência a um panorama geral, próprio de alguém que ainda busca esse
município para fugir de um cotidiano cruel ditado pela industrialização, o
Júnior, nestas palavras, definiu um quadro deprimente:
“Pelo
que eu vejo hoje, a força da juventude ubatubense está concentrada nos
surfistas amadores e nos drogados esqueléticos. Estou errado, Zé?”
Pelo
visto, o frequentador desta cidade há tanto tempo não está tão fora de rota.
Também, não é relativamente igual ao panorama geral da sociedade brasileira? Porém, será que ele já refletiu que, ao construir no morro da Santa Rita, seu
pai e outros podem ter contribuído para o fim da mina d’água do Juca Brás, onde tantas vezes, entre
nossas andanças de crianças, matamos a sede? E para onde segue os esgotos que eles produzem logo acima da costeira? Isto também é degradação. Faz
parte de um conjunto que nos deprime imensamente.
Vamos
aproveitar das férias para refletir mais em torno dos rumos para o nosso
município?
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