Nesta semana, a minha sobrinha
Carla sentiu saudade de fogueira, de uma festa nos moldes juninos, onde tem
pipoca, canjica, cuscuz, amendoim, bolo de fubá, bandeirinhas coloridas, etc.
Então, conversando em casa, decidimos mexer em algumas coisas do espaço para
que pudéssemos promover a tal festa. Também estávamos sentido falta disso, de
reunir nossos familiares. Logo demos a incumbência da lenha para um dos irmãos;
outra sobrinha se encarregou das bandeirinhas; a minha esposa se organizou para
os muitos e variados pratos. O quentão ficou por minha conta.
Ontem, logo depois da festa na
casa da dona Gertrudes, onde a Folia do divino foi acolhida com tanta alegria e
comedoria farta, de acordo com o relato da minha irmã Ana, o pessoal foi
chegando à nossa casa. Encheram a casa. Divertiram-se bastante. Aproveitaram
bem o calor e os momentos em volta das labaredas e das encantadoras brasas. E
ainda sobrou lenha para outra fogueira.
Aproveitei para apresentar uma
peça que eu ganhei há alguns anos do Jairo, meu irmão. É um parafuso de fixação. Explicarei melhor,
recorrendo ao meu pouco conhecimento que tenho, graças à curiosidade, sobre
ferrovia.
Os trens correm sobre trilhos
devidamente fixados em dormentes que, tradicionalmente são de madeiras duras,
com um tratamento especial contra a umidade. Entre os trilhos e os dormentes,
existem placas de apoio, cuja finalidade é aumentar a área de apoio entre eles.
Também essas placas de apoio prolongam a vida dos dormentes, evitando seu
cisalhamento.
Deixando de dar mais volta ao
assunto, a peça que eu tenho como lembrança é um tirefão, uma espécie de
parafuso de “rosca soberba”, em cuja cabeça adapta-se uma chave especial ou
cabeçote de uma máquina chamada de “tirefonadeira”, utilizada para aparafusá-la
ao dormente mediado pela placa de apoio. A tal peça, encontrada em um ponto da
Serra do Mar, depois de mais de 120 anos, continua perfeita graças à aplicação
das técnicas de galvanoplastia usada pelos ingleses no ferro. Ou seja, é uma
peça que representa a ferrovia começada em nosso município (Ubatuba), na passagem do Império para a
República, mas que nunca foi concluída por motivações políticas (a força política local, naquele tempo, foi favorável à Revolta da Armada, ou seja, era monarquista).
É isso: nossa história também faz
parte da prosa em torno da fogueira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário