quarta-feira, 18 de julho de 2012

HISTÓRIAS ARREPIANTES



É peixe! Nós o chamamos de peixe-morcego.

 Ai que saudade da comadre Vitória!
 É preciso dizer que ela foi muito importante na luta da Caçandoca e da Caçandoquinha, onde o meu primo Antunes é uma das lideranças quilombolas?

                       

Encontro com o Capeta



Esse caso aconteceu no interior de Minas Gerais e foi contado pela Vitória. É sobre um homem muito ruim, casado com uma tia dela, muito religiosa. Essa mulher sofria muito com as grosserias do marido e até mesmo foi ameaçada de morte por ele. Certa vez, enquanto rezava o terço, o marido subiu silenciosamente no alto de uma parede – a casa não tinha forro e a parede que separava os cômodos não chegava até o telhado – com uma faca na mão e a idéia de se atirar dali sobre ela e matá-la. Sentada numa cadeira e compenetrada em sua oração, a tia não percebeu o perigo que corria. Mas, quando olhou para baixo, o que o homem viu foi uma cruz de brilho resplandecente sobre a cabeça da mulher. Cegado por aquela luz e se sentindo tonto o homem caiu. “Isso é coisa do demônio!”, disse o homem inconformado, que continuava com suas ameaças. A única coisa que a tia fazia era rezar por aquele homem atormentado.

Uma noite, o homem saía de casa quando a mulher perguntou: “Aonde você vai a essa hora?”. “Vou me encontrar com o capeta” -  foi a resposta bruta, seguida da batida de porta.

Tinha se afastado um pouco de casa, raivoso como sempre, na escuridão da noite daquele lugar de poucas casas e sem iluminação elétrica. Continuava andando quando ouviu o rosnar de um cachorro que se aproximava. Logo pode ver o cachorro preto enorme que aparecia na sua frente, os dentes eram os mais afiados que já tinha visto e os olhos da fera brilhavam na escuridão. Apavorado, o homem percebeu que junto com aquele rosnado feroz havia uma voz terrível e aos poucos começou a entender o que lhe dizia: “Ordene à sua mulher que pare de rezar por você, pois vou lhe levar. Vou agora para a sua casa e se eu chegar lá primeiro, você é meu”. Dizendo assim a fera o atacou. Correndo desesperado na direção de sua casa, o homem se defendia com um bastão que costumava carregar para se proteger de cobras. O bastão ficou praticamente destruído com as dentadas do animal medonho. Vendo a porta de casa, o homem se atirou para dentro, transido de pavor. Tendo chegado antes, se voltou para ver a fera que, sentada do lado de fora, o olhava fixamente. Então ouviu uma gargalhada terrível enquanto aquela aparição sumia. Foi até a mulher e lhe pediu que rezasse com ele e, a partir desse dia, tornou-se um homem muito religioso.



Nenhum comentário:

Postar um comentário