Uma lagarta (Arquivo JRS) |
A preocupação maior: ter uma bola. Naquele tempo era bola de capotão, que precisava ser ensebada para durar mais e não encharcar muito com a água. Quem tinha a bola, ou cuidava dela, tinha uma grande responsabilidade. A diversão de muita gente dependia dele; era uma espécie de sacerdote da bola. Caso não desse conta do recado, não cumprisse a função a contento, outro era indicado pelo grupo. Lógico que sempre estavam angariando contribuições para comprar bola! Chutes, areia e água salgada desgastavam rapidamente as bolas. Caso alguém quisesse agradar a moçada, bastava uma bola de presente.
Com o tempo, algumas praias foram ganhando seus campos decentes. Só que duraram pouco, duas décadas no máximo, devido a especulação imobiliária. Exceções ficam por conta da Maranduba, Sertão da Quina, Itaguá, Puruba (praia) e Horto Florestal. Estão em uso até hoje, mas a juventude não se reúne mais todas as tardes para o jogo de bola.
Agora não tem chance de esperar para entrar em duplas, um para cada lado, conforme o combinado pelo grupo. O momento é de tirar um que não esteja fazendo o jogo "ideal" para impor outro. Quem decide? Uma pessoa que se acha detentora de notório saber ou por poder diluído de outra instância. Enfim: segue o jogo, mas o espetáculo fica empobrecido. Na folha, bonita até pouco tempo, uma lagarta age. Quase sempre avistamos suas fezes no chão antes de notá-la na planta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário