Desenhos ao acaso (Arquivo JRS) |
Talvez tenhamos outras preocupações angustiantes. Pode ser também que os valores tenham se modificados, diferentes de outros tempos atrás. Assim a vida passa sem a gente desfrutar como merecia, sem produzir poesia e sem ver as linguagens diversas no nosso meio ambiente, nas pessoas e na comunidade. Assim nós passamos pela vida.
Agora mesmo, em prosa com o Santiago, consigo enxergar aquele ambiente no Camburi, sobretudo a mata verdejante daquele entorno. Sinto, aqui distante, aquela comunidade na qual o Seo Genésio se devotou até os últimos dias de vida. Sei que outras pessoas continuam a resistência encampada por ele. Cachoeiras, morros, caminhos, artes, histórias e tudo mais a marcar aquela comunidade caiçara na divisa entre dois Estados (São Paulo - Rio de Janeiro), são as inspirações do Santiago para escrever empolgantes narrativas que se assemelham a orações, a louvações. Assim se vai registrando tantas coisas que não enxergamos por exigência da modernidade.
Pensar no Camburi é se lembrar de uma fala do Mestre Genésio, num encontro em torno da luta pela terra em 2001:
"Aqui está uma pessoa, um negrão. Eu não vim da África, posso até ter sangue africano, mas eu fui criado ali no Camburi. E não sou só eu, mas todos os caiçaras que aqui se encontram. Eu tenho certeza do que eu estou falando, eu tenho descendência de quilombo, porque naquela época, não só no meu tempo, mas no tempo da escravatura, vinham muitas pessoas do Estado do Rio de Janeiro se esconder ali no Camburi. Ali eles arrumaram famílias, se formaram, criaram os filhos, muitas famílias vieram para o Camburi".
A prosa dos tempos permeia as existências... Assim seguem as histórias, enquanto houver quem as escreva, quem as conte, quem as escute...todos existiremos. Genésio caminha nos gestos dos presentes e dentro do mar da me
ResponderExcluirmória.