segunda-feira, 2 de novembro de 2020

FARRA DE CAUSOS (VII)

 




Dona Iaiá no tambor (Arquivo Kilza Setti)

        
           MISTÉRIOS DO LUGAR DE INFÂNCIA

           A minha história começa em 1965, em Novo Cruzeiro, onde nós morávamos em uma casinha de pau-a-pique. Numa manhã de sábado ensolarado, estava eu e mais dois irmãos brincando de esconde-esconde, foi quando eu me escondi no quarto e nele tinha alguns buracos na parede. Eu resolvi olhar pelos buracos e vi dois porcos grandes. Chamei os meus irmãos e falei com eles. Nós chamamos os cachorros que nos levaram ao lugar onde eu disse que estavam os porcos, mas não encontramos nada, nem rastros.

          - Mas eu vi! Era um preto e outro pintado de preto e branco. Não foi mentira, eu tenho certeza  - eu justificava, inconformada.

          Nesse mesmo lugar, numa noite quando dormia, eu acordei chorando. Foi quando olhei para a porta do quarto que fazia frente para a cozinha. Amanhecia e o fogo clareava a cozinha, então eu vi um homem nu saindo do quarto e passando pela porta da cozinha, sem abri-la! Eu achei que era meu pai e comecei a gritar por ele. Eu era muito apegada a ele. Esse mesmo homem brigou comigo, mas não era meu pai, porque meu pai estava deitado comigo.

           É estranho mas é verdade, porque eu vi.

          Nesse mesmo lugarejo, um menino chamado João contou que a mãe dele foi para a cidade e deixou ele e os dois irmãos em casa. Foi quando ele ouviu alguns homens conversando, então ele saiu para ver. Eram uns homens carregando um defunto no caixão. Eles pararam, colocaram o caixão no chão para descansar  - isso no meio do quintal deles. O mais estranho é que esse defunto não chegou na cidade para ser sepultado e ninguém mais viu esse  defunto nas redondezas. Só o João viu.

          Esse lugar tem muitas histórias!

(Autora: MJM)

Nenhum comentário:

Postar um comentário