Dona Iaiá no tambor (Arquivo Kilza Setti) |
MISTÉRIOS DO LUGAR DE INFÂNCIA
A minha história começa em 1965, em Novo Cruzeiro, onde nós morávamos em uma casinha de pau-a-pique. Numa manhã de sábado ensolarado, estava eu e mais dois irmãos brincando de esconde-esconde, foi quando eu me escondi no quarto e nele tinha alguns buracos na parede. Eu resolvi olhar pelos buracos e vi dois porcos grandes. Chamei os meus irmãos e falei com eles. Nós chamamos os cachorros que nos levaram ao lugar onde eu disse que estavam os porcos, mas não encontramos nada, nem rastros.
- Mas eu vi! Era um preto e outro pintado de preto e branco. Não foi mentira, eu tenho certeza - eu justificava, inconformada.
Nesse mesmo lugar, numa noite quando dormia, eu acordei chorando. Foi quando olhei para a porta do quarto que fazia frente para a cozinha. Amanhecia e o fogo clareava a cozinha, então eu vi um homem nu saindo do quarto e passando pela porta da cozinha, sem abri-la! Eu achei que era meu pai e comecei a gritar por ele. Eu era muito apegada a ele. Esse mesmo homem brigou comigo, mas não era meu pai, porque meu pai estava deitado comigo.
É estranho mas é verdade, porque eu vi.
Nesse mesmo lugarejo, um menino chamado João contou que a mãe dele foi para a cidade e deixou ele e os dois irmãos em casa. Foi quando ele ouviu alguns homens conversando, então ele saiu para ver. Eram uns homens carregando um defunto no caixão. Eles pararam, colocaram o caixão no chão para descansar - isso no meio do quintal deles. O mais estranho é que esse defunto não chegou na cidade para ser sepultado e ninguém mais viu esse defunto nas redondezas. Só o João viu.
Esse lugar tem muitas histórias!
(Autora: MJM)
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