Fogueira (Arquivo JRS) |
PAI NO BANHO-MARIA
Esta é a história do meu pai.
Quando meus avós se casaram, minha avó tinha 16 anos e meu avô tinha 36 anos. Minha avó teve o seu primeiro filho depois de vinte anos de casada. Enquanto os filhos biológicos não vinham, ela adotou o seu primeiro filho. Assim que adotou o primeiro, filho, ela engravidou. O meu pai foi o quarto filho, o caçula.
Quando minha avó sentiu as dores para ter o meu pai, ela estava no sétimo mês de gestação. Meu avô então chamou a ambulância, mas no caminho para o hospital o meu pai nasceu.
Naquela época não existia a incubadora. O que eles fizeram? Levaram meu pai para casa. Eles moravam no interior. Em casa eles tinham fogão a lenha sobre o qual penduravam toucinho, linguiça, mortadela... Então, encheram uma bacia com água e colocaram em cima do fogão, pegaram outra bacia que forraram com panos limpos e ali colocaram meu pai. Colocaram a bacia em que estava o meu pai dentro da bacia que estava com água: para esquentá-lo. Era como se ele estivesse cozinhando em banho-maria. Quem cuidava dele era a avó, minha bisavó, que morreu com cento e três anos. Ela era filha de escravos, que foram libertados, quando ela tinha oito anos. Meu avô ficava na porta vigiando para que o cachorro não pegasse o meu pai, confundindo-o com um pedaço de mortadela.
(Autora: A. B.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário