terça-feira, 17 de novembro de 2020

CANTO DOS DEFUNTOS

 

Cemitério do Ubatumirim (Arquivo Mendonça)


          Em outros tempos, quando a lonjura de tudo parecia maior em Ubatuba, havia estratégias diferentes até mesmo para sepultar nossos mortos. Além desses cemitérios atuais (Camburi, Ubatumirim, Maranduba, Centro, Ipiranguinha), existiam outros (Raposa, Cedro, Lagoinha, Praia Vermelha, Horto...). Hoje, a municipalidade de vez em quando despacha alguém para uma limpeza geral nesses locais que há tempos serve de abrigo aos finados. Nos mais centrais há ao menos dois funcionários permanentes, pois os enterros seguem numa regularidade. Era dizer do papai que "para nascer gente tem de morrer gente, senão não cabe neste mundo". 

          O Olympio, em 1975, recolheu a seguinte informação a respeito do cemitério do Ubatumirim: "está localizado no Canto do Saco [por isso era chamado também de Canto dos Defuntos], numa faixa de mangue aterrada até dois metros acima do nível do mar, com aproximadamente 900 metros quadrados. Segundo os mais antigos, esse aterro foi feito pelos escravos do capitão Cabral, na metade do século XIX. No Canto do Saco corre o rio Nhengui, o rio do cemitério".

          O saudoso Antônio Maior se referia sempre ao Canto dos Defuntos com o maior respeito: "Lá tem muita gente minha enterrada. O padre Pio de vez em quando se retira lá para rezar. É fácil de se chegar lá sim. Vai nessa direção, andando toda a vida, quando chegar no Canto dos Defuntos, na subidinha do morro, é o chão sagrado, onde enterramos nossos mortos. Sempre tem gente nossa zelando pelo lugar. O senhor, é quase certo, vai encontrar alguém por lá".

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