domingo, 17 de outubro de 2021

TIJOLOS

 

Piso de caquinhos - Arquivo JRS
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Parede antiga - Arquivo JRS



     Parei diante de uma parede de tijolos. Admirei o serviço feito, os tijolos bem alinhados e no prumo. Certamente o pedreiro, o construtor, já se foi há muito tempo. Me chamou a atenção o fato de não haver cimento na massa que unia os peças provenientes de alguma olaria que também não deve existir mais. Então me recordei que, nos primórdios da construção civil em Ubatuba, todas as casas eram assim, com uso de bastante barro na argamassa. Porém,  precisava dominar uma técnica, saber a proporção de areia a ser misturada com barro. O Zizo me explicou um dia,  há bastante tempo, que um parente dele era especialista em queimar conchas e acrescentar como cal, mas nunca vi ninguém recorrer a isso em todo este tempo que tenho de vida. A preocupação mesmo era, conforme a liga do barro, acertar na proporção de areia, geralmente extraída do rio mais próximo ou de algum ponto da restinga.  Alguns que irão ler este registro, certamente ouviram falar ou testemunharam as retiradas de areia da área entre o Porto do Eixo e o Pontal, na praia do Sapê, onde eu nasci. Em casas mais antigas, elas se compuseram nas paredes e nos pisos cerâmicos.         
 
    Impressionante como nossa visão contempla as coisas e as remetem ao cérebro!

2 comentários:

  1. Isso é Um exemplo de saberes que foram relegados de propósito em nome de um progresso, que hoje sabemos o quanto é destruidor.

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    1. É isso mesmo! Uma destruição que beneficia 1% da população. Os demais vão vivendo das migalhas de uma classe para outra, se destruindo entre si e acabando com vidas neste planeta.

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