segunda-feira, 18 de outubro de 2021

AS ABELHAS

 

Arte no muro - Abelha com máscara - Arquivo JRS



      Bem cedo prestei atenção na pintura do muro enquanto esperava o ônibus. Achei a abelha esquisita. Cheguei mais perto e constatei que ela usava máscara, contra venenos. Pensei: "Que sacada do artista! É uma denúncia contra os agrotóxicos que continuam sendo liberados, sobretudo no tempo presente do Brasil. Assim, a arte continua na sua importância crescente e diversifica suas estratégias para anunciar outras possibilidades à vida". Coisa do Tiano. Logo vi!

      Quem não sabe que o  modelo econômico, baseado na exploração ilimitada, não respeitada nem mesmo a vida dos seres humanos? Imagine se os capitalistas inescrupulosos vão se importar com os "insignificantes seres", com as abelhas!

      Coisa triste é você cuidar de uma colmeia com toda dedicação, e, num belo dia, encontrá-la dizimada, com o chão forrado de abelhas mortas devido ao veneno trazido de uma plantação pulverizada, junto com o pólen recolhido, resultando na contaminação e morte de todas elas. Quantas plantas deixarão de ser polinizadas?  Quanto de alimento deixará de chegar em nossas mesas?

    Neste mês, plena primavera brasileira, fui agraciado pela abundância de abelhas nas minhas plantas: as floradas do jarobá e da uvaia permaneceram por dias num zumbido só. Que prazer olhar aquelas criaturas cobrindo as flores, chamando a atenção dos da casa e da rua também! O resultado logo veio: o cacho de cocos está repleto e as frutas, as uvaias, já amadurecem, despertam os olhares e os passarinhos gulosos.

      Quando iremos forçar essa minoria da população brasileira e mundial  a respeitar a vida, a não quebrar o equilíbrio da natureza? Quando vamos concentrar nossas energias convictos dessa interdependência  vital ao planeta?

       Grito ao tolos que divagam, matam e morrem por ideologias de futilidades, políticas, religiosas etc., mas não tomam posição a favor da vida. São esses tais "cabeças-gordas", os "sem-noção" que vivem atrapalhando os nossos caminhos e a nossa felicidade. São os tais, favoráveis aos discursos do mal e das ações terríveis até mesmo contra os insetos, que precisam parar defronte da pintura da abelha  com máscara e tomar outras atitudes.

Em tempo: vi recentemente muitas queimadas no trecho rodoviário entre Taubaté e Ubatuba. Não sabem os "otários de plantão" que, além da perda da fauna e de um possível extermínio de espécies, as queimadas são responsáveis, conforme informação científica, por alterações nas características físicas e químicas do solo, que por sua vez pode modificar a flora bacteriana do solo alterando a fertilidade e o ciclo de nutrientes? E mais: quantos olhos d'água, córregos e rios já se foram por tamanha ignorância e/ou maldade assim?

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