Cinzeiro - Bigode, artista caiçara - Arquivo Prochaska/JRS |
Demorei bastante tempo apreciando, na Primeira Mostra de Saberes Artesanais, os trabalhos do saudoso Mestre Bigode. Eu já postei textos a respeito dele.
Lendo uma artigo sobre Tebas, me veio à mente dois outros artistas: o professor Ricardo, cujas obras em bambu estão sempre presentes, próximas de mim, e o Bigode, que conheci correndo/treinando para as provas de São Silvestre, participando de conversas e entalhando. Ah! Quando me deparo com alguma de suas obras, espalhadas por aí, em museus e casas de amigos, me emociono demais. Dessa vez, por intermédio da Carol, me ative ao cinzeiro, da família Prochaska, com detalhes impressionantes: "A Cristina me falou que o pai dela mostrou uma fotografia de um cinzeiro, captada numa turnê na Europa, para o Bigode, e lhe perguntou se ele faria algo aproximado daquilo. Tempos depois, ele apareceu com a obra perfeita, melhor ainda do que aquela da fotografia". Quer ver? Vai lá na exposição, no teatro de Ubatuba! Foi-se o Mestre Antônio Bigode, um talentoso escultor caiçara, mas seu talento continua a se comunicar conosco. A sua humildade foi sempre marcante para mim.
Quanto ao Tebas, foi alguém que nasceu escravizado em Santos, por volta de 1721. Trabalhava com pedras. Entre 1777 e 1778, ele conseguiu a sua alforria. Estava por volta dos 58 anos. Se tornou um arquiteto disputado na cidade de São Paulo. Participou da restauração do Mosteiro de São Bento da Catedral da Sé. Apesar de sua história ter sido apagada, as obras do Mestre Tebas continuam, tal como as do Mestre Bigode, nos encantando. Da próxima vez, quando você passar no centro antigo da cidade de São Paulo, tente vislumbrar na Igreja do Carmo ou nos demais locais citados e em outros mais, um homem que, apesar de ter sofrido no corpo a escravidão, ali estar trabalhando com maestria, deixando sua marca artística. Pense: quantas vidas deixaram - e deixam ainda! - de dar suas contribuições em decorrência das maldades e dos preconceitos dos outros? Tebas faleceu em 11 de janeiro de 1811.
Lição de Tebas, Ricardo e Bigode: nossas obras suplantam nossos limites.
Eu nunca soube nada sobre Tebas antes desse texto.
ResponderExcluirPois é, Jorge. Chama-se a isso de epistemicídio. Apaga-se conhecimentos, fortalece o preconceito étnico e mantém em baixa a autoestima dos povos oprimidos.
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