Cachorro na praia (Arquivo JRS) |
Quando criança, assim que entrei na escola, aprendi novas quadrinhas. Meninos e meninas sempre tinham novidades em forma de versos. Penso que eram antigas, pertenciam à comunidade e passavam por gerações. Na areia do lagamar, mesmo sendo atrapalhados pelos cachorros que queriam brincar, estávamos sempre reproduzindo essas sentenças que se combinavam. Das professoras e professores que tive quando mais novo, me recordo sempre daquela (Dona Valda Virgílio) que exigia de nós um caderno só para esses versos, cantigas de roda e parlendas, onde podíamos ilustrar com desenhos. A mais famosa - lógico! - era "batatinha quando nasce esparrama pelo chão/ Menininha quando dorme põe a mão no coração". A seguir, uma daquele tempo!
Trouxe uma sacola
Só com coisas de escola;
Merenda não tenho, gente:
Verdade de quem não mente.
Pergunta de boboca
Segue carreiro de taoca:
Alguém tem aí um docinho
Para me dar um cuizinho?
Que lindeza!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTenho um livro dessas quadrinhas, compiladas por Sílvio Romero. Fernando Pessoa foi cultor desse gênero textual. Veja esta que ele fez:
ResponderExcluirTens um anel imitado
Mas vais contente de o ter.
Que importa o falsificado
Se é verdadeiro o prazer.
Linda demais! Coisas que parecem não existir mais.
ResponderExcluirCoisa linda! Será que nós aproveitamos bem esse tempo, essas coisas?
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