Olha a chuva chegando! (Arquivo JRS) |
Esta história é verídica, aconteceu comigo quando eu tinha por volta de sete ou oito anos de idade.
Um casal de inquilinos, Vicente e Maria, que morava na casa dos meus pais, de vez em quando me convidava para ir num sítio onde a mãe de um deles morava. Nunca dava certo de eu ir. Até que um certo dia minha mãe estava de folga do trabalho e a Maria me convidou para ir ao sítio pegar goiaba e tomar banho de piscina. Minha mãe autorizou. E lá fomos nós pulando e brincando pela trilha da cachoeira. Andamos muito. Chegando lá, fui conhecer o sítio e brincar. A dona Luzia, o senhor Antônio e o Zé, que eram caseiros do lugar, me receberam muito bem e ficaram contentes com a visita.
Depois de brincar bastante, fui tomar banho na piscina. O Zé me deu colete para eu não me afogar, mas mesmo assim fiquei me apoiando na beira da piscina, brincando com água e olhando o sítio em minha volta. Avistei uma casa bem pequena, daquelas bem antigas, e um homem negro, forte, com uma calça branca e larga, amarrada com corda. Ele estava sentado do lado de fora e sorriu para mim: um sorriso aberto, lindo, os dentes muito brancos. Eu sorri para ele. Estranhei porque ninguém dali havia falado sobre ele.
Eu me virei de costas para apoiar na piscina e voltei a olhar: ele já estava em pé olhando para mim e atravessou a parede. Aí então eu assustei, fiquei apavorada. O Zé, vendo meu apavoramento, me ajudou a sair da piscina e me levou para sua casa, dizendo para a dona Luzia: "mãe, eu acho que ela viu".
Eles me deram água com açúcar e ficaram ali até eu me acalmar. Quando eu estava melhor, a dona Luzia falou que não havia falado nada antes para não me assustar. Disse que antigamente, naquele sítio, havia escravos e que os trabalhos ali eram feitos por eles e que eu não devia ficar com medo, eles não faziam mal algum e só apareciam para pessoas sensíveis. Mesmo assim eu fiquei com medo e não saí de dentro da casa até a hora de ir embora.
Depois de adulta, há quatro anos, retornei ao mesmo lugar, mas não vi nenhum escravo fantasma.
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