quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

ESPERANÇA NA ESQUINA DO PECADO.

Distração (Arquivo JRS)

     Na Esquina do Pecado, quietinho por ali, eu escutei a prosa do Zé do Prado e Florisvaldo. Um caiçara e outro baiano. Gente boa!

    Segurando um galho da caneleira quebrada, comentava o Zé do Prado: 

   "Ruindade é de monte. A primeira pessoa de quem se pode desconfiar, considerando o histórico de anos, é do Totonho do Rio Abaixo. Tais vendo essas marcas de pancadas nas outras árvores? Tudo coisa dele! A vizinhança comenta. 'Aquele maldito, que ri de longe e olha enviesado, continua  aprontando'. É um poço de ruindade aquilo ali. Conforme dizer dos antigos: 'De cepa ruim pode vir coisa boa?' Homem pequeno é o que ele é. A sua hostilidade, no fundo, é contra ele mesmo. Tem sina de enteado mal amado, cria de mandiocal, no dizer dos antigos. Que existência tem no fundo do coração gente assim?"

   Florisvaldo, o estimado "Flor",  acrescentou:

   "É verdade, compadre. Tenho pena de gente desprovida de pensamento e de amor, do tipo que é inimigo da cultura e da natureza. Por que vive um traste desse? O meu companheiro de obra, Selmo, mineiro de Ladainha, caso estivesse aqui agora, diria que gente assim já está fazendo peso na terra há muito tempo".

   Fiquei pensando no assunto. O tempo correu. Hoje, quase findando um ano de tantas vidas desperdiçadas, eu enxergo seres humanos maldosos, ruins mesmo, que não entendem que a Terra é a nossa casa. A  única! 

   Mas... a minha canoa segue um rumo certo! Assim como muita gente, eu espero que as cartas do jogo sejam viradas. Que a ruindade afunde; que a bondade, com muita justiça, prevaleça.

 

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