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Praia de Massaguaçu, território de muitas corujas. |
Há alguns dias, no serão, devido a uma trombada de carro contra um poste, o meu bairro ficou um bom tempo sem luz. A solução: acender velas para se movimentar pela casa. Foi quando eu voltei no tempo; na escuridão, fiquei pensando em tantos momentos assim que fizeram parte da minha infância, quando não havia ainda energia elétrica nos nossos rincões.
Nas noites sem luz artificial a gente vê melhor o brilho da lua e das estrelas, imagina tudo o que a escuridão pode conter, cria o inexistente e escuta todos os seres da noite, sobretudo a coruja.
Existe uma variação enorme de espécies de corujas. Todas piam e impresionam demais, sobretudo quando somos crianças. Uma delas parece criança nova chorando. Essa era a assustadora; nos convencia que deveríamos permanecer dentro de casa. Hoje, lendo a poesia do Domingos, pensei em todos aqueles que, aproveitando a enigmática coruja, tantas histórias contaram nas noites de minha vida.
No continente da noite
O guarda-noturno
que é a coruja,
faz a ronda dos campos
e basta seus pios,
com reputação de aziagos,
para devolver o silêncio
ao mundo dos notívagos.
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