Não
vai demorar muito para completar duas décadas que o Aristeu “viajou sem esperar
o fim do dia”. Porém, na memória de muitos a sua personalidade de caiçara
acolhedor, alegre, prestativo, contador de causos e cantador deve permanecer
ainda por muito tempo.
As
raízes do Aristeu Quintino, conforme dizer próprio, “estavam na ilha do
Tamanduá”. Depois morou no Alto do Simão. Quando eu o conheci, juntamente
com a esposa Odócia, cuidava da posse da ASEL (Ação Social Estrela do Litoral,
do frei Pio), na Ponta Aguda. Mais tarde foram morar no coração da cidade de
Caraguatatuba. Seus filhos e netos ainda vivem por lá.
Sempre
havia tempo para pegar o cavaquinho da parede, cantar umas toadas e declamar
algumas poesias. Isto mesmo! Aristeu era cheio de poesias, estava sempre
criando a partir do lugar e do momento que se vivia. Rimava com as galinhas, o
bananal, as pessoas que passavam por ali, na estrada. Às vezes, até capturando
garoçá para pescar sargo, ele largava a tarefa, olhava de uma forma singular para
a gente e desfiava verdadeiras mensagens poéticas.
Agora,
apresento a vocês a poesia Casinha. O
contexto foi este: depois de alguns meses, nos encontramos no centro de
Caraguatatuba. Nós nos abraçamos, perguntamos pelas pessoas queridas; de
repente, olhando bem em meus olhos, saiu a poesia.
CASINHA
Se lembra da casinha?
Tá lá
No alto do monte,
À vista do mar.
Tá toda escancarada
Aguardando a sua chegada.
Abraços sinceros,
Frutas fresquinhas...
Com gestos de candura
E histórias de bravura!
Embalando as crianças...
Acolhendo sempre.
Dizer mais não dá;
É melhor você que você vá visitar.
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