Imagine o Chiquinho Fidélis enfrentado ressaca na Praia da Fazenda! |
O
Chiquinho Fidélis sempre trabalhou como carroceiro, mas teve um tempo que
resolveu experimentar algo novo: comprou um carro usado para continuar fazendo
o seu serviço, ou seja, enfrentar os caminhos barrentos dos tempos d’antes em
seus fretes de areia, pedra, tijolo etc.
De
vez em quando, quase que regularmente, o
veículo atolava, derrapava até soltar uma fumaça fedida e escandalosa dos
pneus. Dava um trabalhão ao coitado e às pessoas que se compadeciam da triste
situação, que se dispunham a ajudá-lo. Enfim, não demorou muito para que o
Chiquinho passasse o problema adiante e se voltasse à carroça puxada por
cavalo. Quem lhe arranjou tudo novamente foi o Modesto, o último funcionário da
prefeitura a recolher o lixo da cidade de
Ubatuba em carroça. Pessoalmente, acho que fez bom negócio!
Quem
me contou isto foi o velho Maneco Salomão:
“Numa
ocasião, ao ver o esforço do animal em conduzir a carroça de rodas de ferro
pelos caminhos da Marafunda, comentei com o compadre Chiquinho para trocar as
rodas de ferro por pneus de borracha. Rende mais, não atola, alivia mais o
animal e o condutor.
Por
que que eu fui falar isso! No mesmo instante, parecendo uma curruíra choca
defendendo o ninho, ele rebateu: ‘Nada disso! Então eu não tive carro e não sei
que ele vive derrapando até soltar fumaça? Um pneu assim é capaz até de
assustar o cavalo. Deixa assim que está muito bom! Eu tenho experiência; sei
que tá muito bom!’.
Saí
dali dando risada sozinho. Será que o compadre imaginava o pneu rodando com uma
força dele mesmo, sem ser puxado pelo animal? Não sei o que se passava na
cabeça dele. E nesse ritmo ele levou a vida por muito tempo”.
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