Manhã maravihosa na praia da Fortaleza - (Arquivo Henrique) |
O
Dário Barreto, o tio Dário da
Fortaleza, se aposentou como funcionário da prefeitura. Ele e João de Grilo cuidavam da estrada
municipal que vai da praia Dura até a praia da Fortaleza. O trabalho deles era
carpir, preencher buracos, fazer valetas para escorrer água da chuva, cortar
algum galho que atrapalhava a circulação etc.
Por
estarem sempre na estrada, viviam dando informações para os turistas,
explicando os lugares, indicando os perigos, recomendando os melhores pontos de
pesca etc.
Para
quem conhece bem a estrada, sabe que ela é inteiramente arborizada. No seu
percurso, outras praias, maravilhosas por suas especificidades, transbordam de beleza. A
prainha do Costa, por exemplo, abriga um mato cheio de jaqueiras. Pelo chão, nos
meses de janeiro e fevereiro, não tem como isso passar despercebido, sobretudo
devido ao cheiro peculiar das jacas maduras que se esborracham no capim
rasteiro.
Foi
assim que, numa ocasião, estando os dois companheiros sentados num toco e
comendo uma saborosa jaca cabacinha,
uma chique Variant encostou alguns
metros deles. Do veículo saiu uma turista querendo saber de uma praia onde
pudesse passar o dia todo descansando. Também quis saber daquilo que eles
comiam. Não conhecia a jaca. Oôôô dó!
Experimentou;
adorou. Na mesma hora queria uma muda, saber como cuidava e quanto tempo
demorava a dar frutos. Foi a ocasião de entrar a ladinice do tio Dário: pegou
um engaço que até continha uma folha miúda, explicando que aquilo era a muda;
só bastava cuidar bem depois de escolher uma terra boa para enterrá-la. A
mulher - toda contente, coitada! –
enrolou aquilo num jornal e se foi. O João de Grilo disse depois que não se
conformava com aquilo, mas não pode deixar de rir muito.
(Para
quem não sabe: o engaço é a parte central, de onde saem os favos da jaca.
Portanto, é parte morta depois que se desprende ao amadurecer; jamais vai
brotar. A mulher, depois de muito esperar, deve ter pensado que “alguma coisa
não deu certo, mesmo o bondoso caiçara ter sido tão prestativo, explicar tão
bem como devia ser feito”).
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