terça-feira, 5 de junho de 2012

MORADORES E PARCEIROS (I)


Mato rasgando o cimento: uma brecha de resistência evidente.


                O texto de hoje provem de outro que eu escrevi em 2005, por ocasião de uma etapa polêmica a respeito do Parque Estadual da Serra do Mar. Naquela ocasião, saiu a garantia de que os moradores da área não seriam removidos. Não sei bem como a “novela” continuou, nem se “o zoneamento foi feito e foi oficializada a permanência mediante compromisso de conservação da área”. Não seria bom verificar “em que pé andam as coisas”?

                Na conservação da natureza, os moradores tradicionais (caiçaras e quilombolas, de acordo com o tratamento dos órgãos do Estado) não podem representar um inimigo. Ou melhor, sua permanência garantida, “mediante compromisso de conservação da área”, está significando que a cultura específica do lugar (caiçara) é a mais indicada para defender a porção do seu meio ambiente específico.

                Para que uma cultura exista num determinado lugar desde muito tempo é preciso  existir um pacto entre natureza e homem. Disto resulta a cultura (síntese entre necessidade e criatividade, dinâmica que possibilita a vivência mútua). Porém, quando aparecem as situações que põem em riscos tal pacto, dependendo de sua permanência, os parceiros (homem-natureza) podem se anular, desaparecerem.

                Está provado que a racionalidade, se acompanhada de sabedoria, pode evitar catástrofes. Só uma certeza existe: a natureza fornece as possibilidades para a existência humana, mas... se ela perder determinadas condições será rompido o pacto vital, ou seja, o homem desaparece. Nesses dias assisti um documentário que detalhava alguns lugares na Europa Oriental altamente radioativos (contaminados) há décadas e que vai continuar existindo assim por milênios. Porém, dos homens daqueles lugares só está restando as moradias vazias porque o câncer está vitimando a todos. Isto é prova de que, livre da humanidade novamente a natureza se regenerará. Ela não morre totalmente  - ainda bem!

                A natureza renasce sempre! Já o homem...não sei não.

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