sábado, 30 de junho de 2012

FIM DE MUITAS COISAS E OUTROS COMEÇOS

Quem não conhece a canoa Rosana, do Domingos?


                Chegamos ao final de junho e do primeiro semestre. Algumas pessoas queridas nos deixaram: Silvia Patural, João Zacarias, tia Santa, Mané Hilário, Hercília Giraud e mais gente ligada ao nosso contexto de caiçaras; que deram a sua contribuição nos orientando, ensinando e questionando na sua maneira, dentro de um tempo muito específico, onde a competição era mais branda. Que os seus exemplos permaneçam em nosso meio!
               Nesta semana assisti a uma concentração de canoas na praia do Lázaro, por iniciativa do Renato, fazedor de canoas, nativo da praia das Sete Fontes, filho do Domingos. Ontem, no palco da festa de São Pedro, nos três grupos que ouvi tocando, ví filhos e netos de caiçaras sendo protagonistas: o filho da Naná, os netos do Leopoldino (Fortaleza), do velho Coelho (Corcovado) e outros mais. Assim vamos resistindo com criatividade e novos talentos!

                A escrita seguinte, da década de 1980, é resultado de uma prosa que puxei com o João Zacarias, depois de uma puxada de rede na praia da Maranduba, quando o meu avô Estevan era um dos seus parceiros de pesca.

                 SOBEJANDO
                Decerto que fui
                desde o lagamá
                até o jundu!
                Lá apurei a vista
                e puxei da recordação.
                Acho eu que o mar,
                a coivara e o matagá
                tinha uma tamanha beleza!

                 Decerto que lembro do biju,
                do pexe escalado no balaio,
                dos pano de rede, do buzo na preia!
                A gente se apinchava nos rio
                sem nunca ter embaraço.
                Acho eu que os abricoero,
                e toda fruta que devezava,
                era de tamanha beleza!

                 Decerto que logo de manhã
                o sol empurrava a lua
                para banhá a fartura da pescaria!
                Tudo era repartido,
                cada um tinha um quinhão.
                Penso em que nenhum principado,
                fazendo comparação,
                tinha tamanha beleza.

                 Decerto que arguém tá sobejando
                nessa história toda!

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