quinta-feira, 8 de julho de 2021

PIRACUÍ E CAUIM

    

Hans Staden - capa do livro (Arquivo JRS)

      No livro Duas viagens ao Brasil, o alemão Hans Staden, prisioneiro da etnia Tupinambá, nos conta muita coisa desses nossos parentes que estão na nossa raiz caiçara. A consertada deles era o cauim; a tainha, além de assada, também rendia fartura de piracuí. Babou aí?


     Em dois momentos no ano tínhamos que nos precaver especialmente, pois nessas épocas os selvagens invadem o território de seus inimigos com um ardor especial. 

   Um dos momentos perigosos ocorre em novembro, quando determinados frutos ficam maduros. Esses frutos chama-se, na língua deles, abati, de que se faz uma beberagem denominada cauim. Para a mistura, juntam a eles, também, raiz de mandioca. Assim que chegam em suas casas, vindos de suas buscas como o abati maduro, fazem a beberagem, que acompanha as refeições em que comem seus inimigos, caso tenham capturado algum. Alegram-se durante o ano todo na expectativa da época do abati. 

     Além disso, era preciso estar especialmente alerta em agosto, pois é então que eles pescam determinado tipo de peixe. Esse peixe muda do mar para a água doce das bocas dos rios, com o propósito de desovar. Chama-se, na língua deles, pirati, e os espanhóis lhe dão o nome de liesses. 

     Nessa  época, também costumam levar a cabo expedições de guerra, para juntar maiores provisões de alimentos. Capturam tais peixes com pequenas redes ou abatendo-os com flechas. Muitos desses peixes são levados já assados, mas uma parte deles é usada para fazer uma farinha a que dão o nome de piracuí. 

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