Embarque de madeira (Arquivo Roteiro 1951) |
O Roteiro Turístico de 1951 diz que, além das via terrestre, pela serra, vindo por Taubaté, havia a possibilidade de se chegar em Ubatuba pelo mar, em barcos que transportavam cargas e passageiros, com partida de Santos. Era recomendada para quem não tinha pressa e queria desfrutar dos lindos cenários das ilhas, das praias, das montanhas e das tranquilas cidades daquele tempo. O primeiro ponto turístico, localizado na boca da barra de Bertioga, era a Fortaleza de São Tiago, de 1547, onde o alemão Hans Staden estava a serviço quando foi capturado pelos indígenas da etnia Tupinambá.
Depois de passar pelas lindas ilhas Monte de Trigo e Toque toque, de fazer uma parada no moderno porto de São Sebastião, era a oportunidade de um merecido pernoite em Ilhabela, com seus "coqueiros que fazem lembrar as famosas ilhas dos Mares do Sul". No dia seguinte, segue a viagem para Ubatuba. Búzios e Vitória, as ilhas mais distantes, se compõem com Tamanduá e outras menores na paisagem. Caraguatatuba é avistada de longe, exceto quando há desembarque rápido.
Conforme o trajeto, depois de passar pelas ilhas do Mar Virado e Anchieta, onde ainda funcionava o presídio, dobra-se a Ponta Grossa e... lá está a cidade de Ubatuba! O desembarque é feito por canoas, na Prainha do Padre, pois não há atracadouro. Os curiosos, sobretudo eles, se postam na pequena localidade esperando as novidades e possíveis trabalhos remunerados pelo comandante do barco e passageiros com suas bagagens. Em seguida, a embarcação se prepara, recebe cargas e novos passageiros, retornando para Santos. Na praia de Iperoig é embarcada a produção devidamente beneficiada ali mesmo, na oficina da Casa do Padre. Outro porto de embarque de madeira, que funcionou por alguns anos, era a Barra da Maranduba.
Por iniciativa do padre João (Hans Beil), madeiras do entorno da cidade eram beneficiadas, sobretudo a cacheta abundante nas gamboas próximas da Barra da Lagoa e Itaguá. O missionário alemão tinha uma visão de empreendedor, queria preparar as próprias madeiras a serem usadas nas obras do templo; possibilitar uma fonte de renda para a igreja ao mesmo tempo que oferecia empregos aos caiçaras. Meus tios Antônio e Aristides chegaram a trabalhar cortando essas madeiras. Até os dias atuais está lá, na avenida, a Casa do Padre, com partes do seu estilo alemão preservado. Pertence à Igreja Católica e é alugada para ponto comercial.
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