segunda-feira, 17 de maio de 2021

EM DIA DE SUESTE BRAVO

 

Caraguatatuba - Canto da Cocanha (Arquivo JRS)


  Manoel Evaristo, segundo Marino Garrido, foi um tipo bem popular da nossa cidade vizinha, de Caraguatatuba. Gostava de contar causos; por isso era admirado por muita gente. Seu trabalho principal era de ser remador em canoa de voga, fazia descarregamento das lanchas vindas de Santos, de onde provinham as mercadorias para o comércio local. Nos dias de folga, ele era mais um pescador da nossa terra a enfrentar o mar em busca de seu sustento. Mas não tinha muita sorte! Enquanto os outros pescadores se davam bem, pescavam os melhores peixes, Manoel somente ferrava roncadores, tortinhas, micholos e outras miuçalhas.

  Finalmente, num determinado dia, enquanto os outros colegas voltavam "escoteiros", sem nada de bom, Manoel, além de outros peixes grandes e de valor, garantiu duas pescadas amarelas, pesando cinco quilos cada uma. Como há muito tempo não comia uma pescada amarela, deixou uma em casa para o almoço  e foi à rua vender a outra. Alcançou cinco mil réis por ela. Então chegou no armazém do Barnabé disse:

  - Ponha uma  talagada da boa que hoje eu vou comer uma pescada amarela.

  Barnabé disse:

  - Arrelá, Mané! Você tem coragem de matar e comer uma pescada amarela e nem se lembrar de trazer umas duas postas para mim?

  Ele replicou:

  - Eu traria duas postas para você se, em época de sueste bravo, você se lembrasse e falasse: "Mané, hoje que o tempo está ruim, leve um pedaço de carne seca para almoçar".

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