sábado, 29 de maio de 2021

A REDE DO TEMPO-MAR (IV)

 

Cacho de bananas (Arquivo JRS)


        E assim seguimos pela poesia do Santiago, onde a busca por um significado e uma comunidade suplanta todas as coisas.


E eu pregunto mais otra coisa procêis

que são estudados:

quando fizeram essas lei e esse parque e essa estrada grande

que trouxe um monte de gente deseducada do respeito

ocêis por acaso arrepararam que as coisas pioraram na natureza

que as matas foram mais cortadas, os rios ficaram sujos, as praias

cheias de prástico, que os pexes tão sumindo cada veis mais

que o esgoto corre pelas ruas 

e os mangue tão se acabando

aterrados pra dá lugá pros condomino,

desde de que  isso tudo chegô?! 

Arrepararam?!

E o governo e a policia florestá e essa gente do “meio ambiente”

vem nos dizê que a curpa é nossa!!

Tá certo isso?! 

Essa coisa de turismo,

com todo esse barulho e  essas droga

e lixo do verão e dos feriados 

nóis não pedimo não, foi colocada pra dar dinhêro

aos que já tinham di montão

e muitos agora tem de fazê igual

pra podê  sobrevivê e “ganhá o pão”

Ou cêis tão enganados ou precisa di estudá mais e olhá

de verdade o que acontece

Quanto tempo de suas vidas ocêis passaram

dentro de uma canoa de um pau só

olhando o mar por dentro?!

Quanto tempo ocêis andaram nas mata conhecendo

as prantas e os bichos, cada um do seu jeito de viver e se criar?!

Será que é mais tempo do que os nossos pais e avôs e bisavôs e

todos os que vieram antes deles desde os índios?!

Uma arvre cresce na tela do seu computadô?!

Ou nas foto do seu celulá?! 


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