quinta-feira, 27 de maio de 2021

A REDE DO TEMPO-MAR (III)


A casinha do nhonhô Armiro, na Fortaleza (Arquivo JRS)

      E, debaixo de uma sombra,  a prosa feito poema continua. Dá-lhe, Santiago!


Nos disseram que a riqueza ia chegá pra todo mundo

mas nóis já era rico e sabia

agora nóis não é mais não

Prometeram tanta coisa

e não veio nenhuma não

Hoje em dia a gente vive empurrado pro sertão

si nóis sobe os pé de serra prá fazê uma casinha

vem os home do meio ambiente e põe no chão

mas as casa grande dos turista não põe não

si nóis faiz uma roça prá plantá

feijão, cana, mio ou mandioca

vem as lei e ranca tudinho

mas as piscina nas costera não

Uma coisa que cumpriram

Direitinho e sem perdão

foi  tirá nóis da nossa terra

sem nenhum direito não

Nóis morava lá na praia

perto da boca do rio

respeitava os ciclos da terra

respeitava os ciclos do mar

Então veio também o parque

estadual da serra do mar

e também disseram que a gente não podia mais plantá

nem siquer fazer conserto

das parede do nosso lar

mas quando vem a chuva forte

E derruba os píer dos políticos

Que tem mansão na beira do mar

ele liga pro governadô

e põe di novo no lugá

e a gente fica pensando

que o dinheiro compra tudo, as lei, os home, o mundo

e também nosso lugá

só não compra nossa história, nossas alma e nossas vida

mas a tristeza há de ficar

E é por isso que eu lhe digo

seu moço tar de ambientalista

senhorita estudada em biologia

e nessas coisas mais que oceis adora proseá

co’as palavras que só oceis intende no paper

Nóis não tem estudo não, nóis não tem diploma ou carro

nossa faculdade é o mar, é as planta da floresta

os rios e os animá

nosso estudo é as época de cada coisa, 

cada planta, cada cardume de pexe

cada fase da lua, cada maré que sobe e desce, 

isso a gente aprendeu cos bisavós e 

tem dado certo inté então 

inté chegá o governo co’as suas leis estranhas

e co’as suas opressão


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