1992: prima Nini, tia Tereza e vó Martinha (Arquivo JRS) |
Bom dia. Já faz um tempo que gostaria de lhe mandar este pedido com muito carinho. É sobre uma pessoa daqui que ajudava muitas pessoas que precisavam. Não tem nome de rua, mas mora com respeito no meu coração. Minha mãe me contava que, quando precisava, pedia a ela para ficar em casa cuidando da gente. Não me lembro bem porque era muito pequeno, mas me lembro quando fomos no morro do Souza buscar coco brejaúba e pati. Ela mostrava as plantas nos caminhos, sempre com uma fala bem sossegada, calma e um olhar de respeito. Tem mais algumas lembranças, mas gostaria de ouvir de você um pouco. Muitas pessoas daqui devem muito a ela, Martinha Zulmira Cabral, a Dona Marta. Abraços. Bom dia.
Recebi, dias desses, o bilhete acima do primo Giovani, da praia do Sapê. Trata-se de um pedido, que eu fale um pouco dela. Dona Marta era a minha vó paterna, natural da praia do Pulso.
Vovó Martinha, gente dos Amorim por parte de mãe e dos Lopes pelo lado paterno, parecia uma índia de olhos azuis; conhecia muito de mato, de remédios caseiros. Era a parteira da região. Eu e mais dois irmãos viemos ao mundo pelas mãos dela. Tinha um estilo bem dela: fazia café bem cedo e saía andando pela praia e casas, se detendo para visitar e prosear com as pessoas. Quando voltava ao lar, já era quase hora do almoço. Por isso sabia notícias de tudo. "Fuxiqueira de marca maior", segunda a mamãe, sua nora.
Era comum encontrar a vó Martinha sempre carregando ervas, levando para alguém fazer chá, emplasto etc. Mais tarde, morando mais próximo do centro da cidade, tinha o hábito de visitar doentes na Santa Casa (hospital). Como ela via que eu gostava de flores, era comum chegar em nossa casa trazendo galhos ou mudas provenientes de outros quintais ou catados pelos caminhos. Até hoje ainda tenho algumas dessas relíquias-heranças dela.
Apesar de ter a autonomia dela, sem se submeter a marido e filhos, vó Martinha era machista. "Como assim?". Explico: era teve oito filhos. Recomendava às jovens que fizesse de tudo para não ter menina, ensinando até uma simpatia. Segundo ela, bastava jogar sal grosso debaixo da cama. Para ela deu certo. E assim vieram oito meninos. Por que será que ela pensava assim? Boa pergunta, né?
Muito bom, gostei, se tiver mais.nos que crescemos ouvindo histórias e estórias dos nossos velhos temos uma grande memória, obrigado pelo carinho.
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