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Quando lemos uma notícia, geralmente
lemos os fatos. Contudo, a notícia pode também conter opinião. E como fazemos
para distinguir “fato” de “opinião”?
Ao perguntar, após ler um texto: “Qual
dessas afirmativas eu posso provar?”, eu estou em busca de identificar os
fatos. Se quero saber quais afirmativas refletem as crenças e pensamentos do
escritor, estou na determinação da opinião.
Uma opinião é um julgamento
que reflete crenças e sentimentos de uma pessoa. Não é necessariamente uma
verdade. Explorando isto, temos as fake news grassando em nosso meio, causando
intrigas, mortes etc. e pondo em risco até a possibilidade do exercício
democrático na atualidade. Nesta direção, na abertura do nosso segundo Momento
Literário, a professora Solange bem dizer traçou a rota do evento: não tem
como não enxergar os danos de uma visão negacionista na sociedade brasileira. O
processo educacional não pode se omitir em defender o conhecimento científico.
Este é um dos fundamento dos estudos sistemáticos. E também precisa denunciar absurdos como,
por exemplo, o presidente do país, longe de ser médico ou pesquisador, forçando
o uso da hidroxicloroquina e ivermectina no combate ao vírus do momento -
covid-19 - e demorando para agilizar vacinas, segue resultando na morte desnecessária de milhares de nossa gente. Ela elogiou ainda a existência do SUS - Sistema Único de Saúde - e salientou que muita gente foi enganada e/ou continua repassando esse ato criminoso, essa mentira conveniente a poucos graças ao fenômeno fake news.
Bem interessante a dinâmica aplicada (de ler frases e fazer os participantes se
inteirarem dizendo se era fake ou fato), com os comentários do professor José Carlos, professora Kátia e outros participantes. Alguns dos resultados comprovaram o que as
pesquisas já mostraram: cerca de 70% das pessoas se informa apenas pelas redes
sociais, onde fake news é que não falta. Grande desafio para uma educação libertadora!
Alguns pontos de atenção/reflexão nesta Era Digital:
1- Agentes mal-intencionados podem
explorar facilmente para espalhar informações errôneas e desinformação,
crueldade e preconceito, pois há a possibilidade do anonimato na web.
2- Prevalece o isolamento em bolhas
ideológicas e a relativização da verdade.
3- O ativista de internet Eli Parisier
escreveu em seu livro O filtro invisível que “com o
Google personalizado para todos, a consulta, por exemplo, ‘célula-tronco’ pode
trazer resultados totalmente opostos para cientistas que apoiam pesquisas com
células-tronco e ativistas que se opõem a elas. Outro exemplo: ‘provas de
mudanças climáticas’ podem trazer resultados diferentes para um ativista
ambiental e um executivo de uma petroleira.
4- A tecnologia encanta; fica cada vez
mais difícil escapar das notícias falsas. Vozes já podem ser recriadas a partir
de amostras de áudio, e expressões faciais podem ser manipuladas por programas
de inteligência artificial. No futuro, talvez vejamos vídeos realistas de
políticos dizendo coisas que eles jamais disseram. Um perigoso avanço
tecnológico mexerá ainda mais com a nossa capacidade de distinguir entre a
imitação e o real, o falso e o verdadeiro.
5- Só a educação e uma
imprensa livre e independente serão cruciais para criar um público informado,
capaz de escolher seus líderes com sabedoria.
Em 1890, Rudyard Kipling escreveu: “Somos todos ilhas gritando mentiras umas para as outras
através de mares de incompreensão”. Já se passou tanto tempo, mas as
mentiras continuam. E agora mais fortalecida pela tecnologia recorrente por
motivos espúrios! Só o desenvolvimento da nossa capacidade reflexiva, aliada ao
desejo de um bem coletivo, será capaz de barrar as piores opções. Agradeço a
todo mundo que participou, tentou entender e continuará sensível à problemática
deste Momento Literário.
Organizadores e participantes estão de
parabéns! O próximo será no dia 03 de julho. O tema é sobre Causos.
Prepare o seu e venha participar.
Alguns passos para identificar fake
news:
Fonte:http://www.blog.saude.gov.br/index.php/servicos/53504-8-passos-para-identificar-fake-news
- Acesso em 01/03/2021
Ah! Uma pergunta básica a ser feita constantemente: Qual é a fonte?
Livro-base:
A morte da verdade, de
Michiko Kakutani.
Livros complementares:
Leitura – um jogo de estratégias, de Alexandra Mansur e Beatriz Pacheco;
21 lições para o
século 21 – Yuval Noah Harari.
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