quinta-feira, 29 de outubro de 2020

FARRA DE CAUSOS (VI)

Mata e água para  todos (Arquivo JRS)

 

LOBISOMEM

                Diziam os antigos que há muitos e muitos anos existia o lobisomem, que eram homens que viravam grandes cachorros nas noites de lua cheia.

                Segundo a minha avó, já falecida, no lugarejo onde ela morava existia um lobisomem que atacava os moradores de lá e à noite ninguém se arriscava a sair de casa.

                Certa noite, uma vizinha dela precisou sair para buscar remédio para o filho que estava muito doente. O marido dela não estava em casa. Mesmo com medo ela tinha que ir, pois seu filho estava muito mal. Então ela pegou um fifó, acendeu e foi até a casa da comadre que ficava bem distante dali. Na volta ela viu um animal saindo do mato. Já com medo ela apertou o passo, mas o bicho a viu e começou a ir na direção dela. Então ela correu, correu e conseguiu subir em uma árvore. O animal ficou tentando alcançá-la e acabou lhe rasgando a roupa. Ela percebeu que era um lobisomem pois era muito feio e cheio de pelos. Não conseguindo pegá-la, o bicho foi embora. Então ela desceu da árvore e foi correndo embora, já tinha demorado demais ali.

                Chegando em casa seu marido ainda não havia chegado. Então ela pegou o remédio e deu ao filho e foi se deitar.

                No outro dia todo mundo estava falando que o lobisomem tinha atacado de novo. Ela ficou preocupada pois seu marido não tinha dormido em casa. Foi aí que ela resolveu procurá-lo, pois tinha medo que o lobisomem o tivesse matado. Quando estava para sair, o marido chegou falando que tinha dormido na casa do compadre, pois  ficou com medo de andar à noite. Ela acreditou nele. Entraram e sentaram num banco que ficava na sala. Ele deitou no colo dela dizendo que não tinha dormido bem e começou a cochilar. Foi aí que ela notou que ele estava com os dentes cheios de fiapos de pano e reconheceu os fios pois eram de sua roupa que o lobisomem tinha rasgado. Com medo, ela pediu para ele ir deitar um pouco que ela ia falar com a comadre e já voltava. Saiu tremendo de medo e contou à comadre o que tinha acontecido. A comadre apenas disse para ela não falar nada para ninguém senão ele descobriria e a mataria.

                Voltando para casa ela viu que o marido ainda dormia, então ela pegou o filho e foi embora para a casa dos seus pais e deixou o lobisomem sozinho.


(Autora: J.C.O)


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