Rabeca do tio Dário (Arquivo JRS) |
Desde 2017 o meu filho Estevan é o guardião da rabeca do saudoso tio Dário Barreto. Ela e ele andam por aí, nos fandangos da vida. Muita honra nos deram os primos Elias, Ditinho e Toninho nesse presente inigualável, que faz parte de mim desde criança. "Nossa! A rabeca do tio Dário!". A música segue seu caminho; a alegria está com eles: os festivos caiçaras. A poesia vem na onda da memória, quando a casa mais próxima da nossa era a do titio, onde eu passeava e ouvia os acordes na acolhedora sala daquele lar, naquele morro de paz.
Toninho bodocava por ali,
Vivia passarinhando sempre que podia.
Pegava a viola num instante.
Elias se abraçava com o cavaquinho
E tirava seus chorinhos.
Ditinho tinha um violão.
Tia Maria e tio Dário regiam tudo.
"Vamos de Siri patola?"
E daí logo emendava no Patieiro,
Na Flor do abacateiro
E outras tantas músicas nascidas não sei de onde.
E por fim, depois de corrida tantas,
Tio Dário só.
O arco da rabeca ia e vinha,
Um som choroso se alastrava,
Tomava toda a casa,
Seguia porta afora.
Os filhos e eu fechávamos os olhos.
Enquanto isso,
Na voz da tia Maria,
As rezas ganhavam corpo,
Iam fechando tudo.
Lá fora... a noite chegando.
Um grito ao longe:
Mamãe me chamando.
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