terça-feira, 13 de outubro de 2020

VAMOS DE SIRI PATOLA?

Rabeca do tio Dário (Arquivo JRS)

       Desde 2017 o meu filho Estevan é o guardião da rabeca do saudoso tio Dário Barreto.  Ela e ele andam por aí, nos fandangos da vida. Muita honra nos deram os primos Elias, Ditinho e Toninho nesse presente inigualável, que faz parte de mim desde criança. "Nossa! A rabeca do tio Dário!". A música segue seu caminho; a alegria está com eles: os festivos caiçaras. A poesia vem na onda da memória, quando a casa mais próxima da nossa era a do titio, onde eu passeava e ouvia os acordes na acolhedora sala daquele lar, naquele morro de paz.


Toninho bodocava por ali,

Vivia passarinhando sempre que podia.

Pegava a viola num instante.

Elias se abraçava com o cavaquinho

E tirava seus chorinhos.

Ditinho tinha um violão.

Tia Maria e tio Dário regiam tudo.

"Vamos de Siri patola?"

E daí logo emendava no Patieiro,

Na Flor do abacateiro 

E outras tantas músicas nascidas não sei de onde.


E por fim, depois de corrida tantas,

Tio Dário só.

O arco da rabeca ia e vinha,

Um som choroso se alastrava,

Tomava toda a casa,

Seguia porta afora.

Os filhos e eu fechávamos os olhos.

Enquanto isso,

Na voz da tia Maria,

As rezas ganhavam corpo,

Iam fechando tudo.


Lá fora... a noite chegando.


Um grito ao longe:

Mamãe me chamando.
 


 

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