Pintura na pedra (Arquivo JRS) |
COMPADRE LOBISOMEM
Durante
muito tempo meu vizinho estava sentido falta de galinhas a cada manhã. No
começo ele achava que era raposa e encheu sua espingarda de chumbo para ficar espreitando a danada. Nesse dia ele
avisou a comadre que iria ficar a noite no galinheiro e que ela não se assustasse
se ouvisse algum tiro.
Então
ele ficou escondido no galinheiro. Era uma bonita noite de lua cheia. De
repente as galinhas começaram a cacarejar e ele colocou a espingarda em punho,
pronto para dar cabo da condenada da raposa. Daí apareceu na frente dele uma
criatura estranha: meio lobo, meio homem. Ele ficou todo arrepiado e lembrou-se
da história de lobisomem que o pai dele contava. O pior é que a fera lembrava
alguém conhecido, por isso ele não atirou. Mas deu uma boa paulada nas costas
do bicho que fez o tal sair correndo e uivando de dor. Assustado, ele correu para sua casa e contou tudo para a sua
mulher, só não falou que ele desconfiou do seu compadre Manezinho. Nessa noite
não conseguiu pegar no sono.
Na
manhã seguinte ele foi até a casa do seu compadre. Chegando lá, para sua
surpresa, ele encontrou o compadre Manezinho andando torto e se queixando de
dor nas costas, bem onde tinha acertado a paulada. Então, mais uma vez ele se
lembrou do seu pai e do avô e nada falou para a comadre, porque o lobisomem
mata quem descobre a sua triste sina. Desde esse dia em diante ele organizou o
galinheiro, falou para o compadre Manezinho que ele ia aprontar uma armadilha
para raposa, pois teve um dia que ele ficou esperando a danada, dormiu e sonhou
com uma coisa muito esquisita, que com certeza não existe de verdade.
Ele
guardou esse segredo e nunca mais deixou nenhum filho sem batizar com medo do
lobisomem comer, porque o lobisomem come criança pagã.
Esta
história foi contada pelo meu bisavô (vô Arlindo, pai da mãe do meu pai).
(Autora: J.A.L)
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