Alguns lugares são inesquecíveis! (Arquivo JRS) |
Todas as vezes que eu passo na
estrada que liga Caraguatatuba e Ubatuba, me emociono quanto estou por perto da
praia Brava do Hermínio, próximo do Lamberto (onde localiza-se o Instituto Oceanográfico
da USP). É que naquela região, pelas costeiras, eu desconfio que conhecia, quando menino, todos
os pesqueiros.
Pesqueiro é o lugar, nas
costeiras, onde os antigos caiçaras sabiam que tinha peixe sempre. Ou seja, não
tinha como “perder a viagem”. Geralmente é porque nesses determinados pontos têm
tocas preferidas dos peixes devido a lugares profundos, de correntes onde
passam cardumes etc. Falo agora de alguns exemplos: logo depois da barra do
Perequê-mirim tinha a Pedra do João Brás. Do outro lado, a meio caminho da
Santa Rita, ficava o Saquinho Manso. Na ponta direita era o Ponto do Guilherme,
onde até lagosta vinha no anzol. Ali, por um longo tempo, o Pio escultor teve
uma barraca, onde trabalhava, quase sempre acompanhado de suas crianças
loiríssimas, produzindo suas belas obras em madeira. (Possivelmente ele não
exista mais, mas continua vivo em nossas memórias e em suas obras pelo mundo). Depois
vem a Lage do Jango, mas eu nunca me aventurei por ali porque tinha muitas
cracas e eu sempre andava descalço. Próximo do morro onde por um tempo morou o
Gentil e a dona Tereza, ficava a Pedra do Alçapão. Ali sim eu pesquei demais
com o papai! Era garoupa, era bagre, era gudião, era salema, era moreia... Ai,
ai, ai...
Geralmente era no final da tarde
que o meu pai gostava de ir até a Pedra do Alçapão. Quando a gente saía de lá
já estava quase escuro de vez. “Nesse
horário os peixes estão querendo alguma coisa para comer e depois irem
descansar”. Eu achava que era mesmo. Assim, num entardecer, um peixe se
agarrou na isca ali, mas logo entocou. Era garoupa. Meu pai esperou um tempo,
andou variando as posições de puxadas, mas de nada adiantou. “É bitela, Zezinho! Se eu forçar muito vai estourar a linha na pedra”. Vendo
que a danada não iria desentocar mesmo, o que fez ele? Puxou um galho da árvore
mais próxima que resistisse, amarrou a linha sob pressão, bem esticada e... “Pronto! Vamos embora! Amanhã cedo venho aqui
ver o que resultou. Ela vai se cansar e vai boiar”. Dito e feito. No outro
dia, na hora do café, chegou ele com a garoupa enorme. Depois, várias vezes vi
isso se repetir.
“Escuta, Gal: a Pedra do Alçapão, logo ali, nunca deixou a gente de mãos vazias!”. Foi o que comentei com a minha esposa ao passar pelo lugar dias atrás.
“Escuta, Gal: a Pedra do Alçapão, logo ali, nunca deixou a gente de mãos vazias!”. Foi o que comentei com a minha esposa ao passar pelo lugar dias atrás.
Nenhum comentário:
Postar um comentário