Casarão em Bananal (Arquivo JRS) |
Adoro viajar, ver as belezas naturais e culturais, sobretudo nos riquíssimos
recantos do nosso país! Viajar, fazer amizades, conhecer outras comunidades,
apreciar as artes etc. Tudo é muito bom! Por isso, em tempo de distanciamento
por uma causa assustadora, onde tanta gente já morreu, revejo umas fotografias
para relembrar outros momentos da vida, das nossas vidas.
Eu presto muita atenção em
detalhes simples nessas minhas andanças. As edificações de outros tempos me
atraem demais! Ao olhar, por exemplo, um casarão do tempo onde o Brasil era
colônia de Portugal, consigo enxergar a movimentação
daquele tempo, inclusive as condições dos escravos. Imagino as pedras e as
madeiras – enormes! – transportadas sob açoites. “Os
dados mostram que as mortes dos negros (pretos + pardos) por covid-19 já
superam as dos brancos”. Admiro o
mestre de obra que realizou um projeto, com tamanha harmonia que continua cativando
olhares, causando admiração. “Será que
tinha uma casa decente?". Ou, de acordo com uma música: "Tá vendo aquele
edifício, moço? Eu também trabalhei lá!". Mas se parar para admirar a casa
depois de pronta, pode até se tornar um suspeito de querer roubar.
Eu
viajo no tempo, quando os indígenas, por se oporem à tomada de seus
territórios, foram perseguidos. Tantos povos acabaram sendo dizimados! “E hoje, você sabe em que pé estão as
organizações indígenas? Ou você sente repugnância ao vê-los pela cidade?”. A
ganância resultou em enormes propriedades, em casarões que atestam a riqueza acumulada
de seus donos. “Tanta terra nas mãos de
tão pouca gente e tanta gente sem nenhuma terra para morar”. E de onde veio
a riqueza? Do trabalho de alguém, do trabalho de muitos que, usando a força e a
ideologia em suas diversas nuances, foram mascarando os sofrimentos e
destruindo identidades. Pior: despertaram a ganância enquanto matavam os
valores comunitários.
E assim trilhamos por um caminho alimentados pelas
desigualdades e pelo egoísmo. "Bobo é quem não pensa assim!". Agora, com nova identidade, tantos são capazes de
escolher líderes que vão de encontro a esse novo rumo de raiva, de
perseguição às minorias, de justificação à morte de tantos enfraquecidos,
vítimas deste sistema excludente, privatizante. “Quem não pode pagar que se dane!”.... “Para que índio precisa de terra?”...
“A Amazônia tem de ser lucrativa a qualquer custo”... “Morreu toda essa gente: e
daí?”... etc.
Não! O patrimônio de um país
pertence ao seu povo! “Estão vendo todas essas belezas, meus filhos? Elas resultam da vida de muitos, de talentos
diversos! Vamos respirar a presença de todos os atores que resultaram nesses lugares, nessas maravilhas! Vamos receber as energias, mas somente as positivas, capazes de nos
manter fiéis aos nossos princípios, às nossas origens!”. Enfim, convém lembrar
sempre da frase do velho cacique: “Tudo o
que acontecer à Terra, acontecerá aos filhos da Terra”.
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