Tio Marcelino (1974) |
As priminhas santistas |
Vovó Eugênia (1982) |
Quando
perguntei a opinião da mana Ana a respeito das últimas poesias do Mingo, ela disse
isto:
“Eu
gostei, mas é porque elas falam sobre os lugares e as pessoas que nós
conhecemos”.
O
que ela quis dizer é que, o nosso irmão, que vivia quietinho, mais lendo do que
falando, estava captando as coisas, as pessoas e os acontecimentos de uma outra
forma. Então, ao ler os poemas hoje, nós (os irmãos) revivemos tudo aquilo como
se fosse a participação direta do Mingo naquele tempo. Não é interessante essa
expressão tardia de um universo bem nosso?
As
pessoas, sobretudo elas, são as principais responsáveis pelas nossas saudades.
Não precisa olhar a imagem da Vó
Eugênia, boa contadora de causos, de
ótimas histórias, para sentir saudade dos momentos agradáveis que vivemos em
sua companhia. Agora estou pensando no tio Marcelino que, bem moço foi
tentar a vida na Baixada Santista, onde serviu ao Exército e depois seguiu a
carreira de metalúrgico na Cosipa, longe de todos nós. Porém, aguardávamos a
cada ano o seu período de férias, pois ele nos trazia "coisas encantadoras da
cidade grande”. Também para ele era importante rever o lugar e as pessoas,
puxar rede na praia, namorar as deslumbradas (pelo “filho do Zé Armiro que veio
de Santos”). O marcante do tio Marcelino era a sua visão mais ampla de tudo
e a sua irreverência, juntamente com uma câmara fotográfica para registrar
muitas coisas. Tudo era em preto e branco. Demorou um pouco para eu poder comprar
a minha Kodak Ektra 10 e fazer os meus
registros. Ainda bem que todo este pessoal (Ana, Mingo, tio Marcelino, Vó
Eugênia, Júlio, Belinho, Élcio, João de Souza, João Barreto etc.) deram e
continuam dando suas contribuições à grande memória do nosso espaço caiçara!
Tudo vai saindo das nossas memórias e das nossas saudades! A poesia do mano diz
mais.
Moradia
do tempo
qualquer
toque de anjo,
qualquer
canto de pássaro,
qualquer
raio de sol,
qualquer
gota de chuva,
qualquer
nota de viola
abre
a taramela
e
escancara a janela
do
quarto onde mora
minha
memória
e
minha saudade.
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