quarta-feira, 1 de setembro de 2021

SIGNOS

Um signo na grama - Arquivo JRS 

Madrugada - signo aos cegos - Arquivo JRS


      Sou pictórico, gosto das imagens que se espalham em nosso cotidiano, nas andanças - grafites, pichações,  frases com imagens, desenhos etc. Tem hora da minha atenção se voltar para uns rabiscos numa parede, por onde passo de vez em quando. Penso: "É um estilo expressionista, privilegia um ar de afetividade e do modo como quem fez enxerga o mundo. A simetria não faz parte do estilo do artista. Uma flor ganha destaque, tem cores, destoa do restante. Tem um tanto de solidão e de ligação com a natureza. Pode bem ser um sentimento de dependência. É, acho que é o que pode resumir tudo". E não é assim mesmo? Nesta Terra, na nossa terra, não tem definição melhor, verdade certa: somos dependentes e interdependentes -  precisamos da Terra, da terra e dos outros.

       O desenho é uma linguagem porque nos permite reflexões, partilha de pensamentos, diálogos que vão dando sentido à realidade. Uma professora, ainda no ginásio, deu uma aula sobre signos. Quando li o título na lousa, pensei em astrologia, mas não tinha nada a ver. "Signo é uma coisa que está no lugar de outra sob algum aspecto. Exemplos: um choro nos remete a dor; um número se relaciona à quantidade; um coração vermelho quer dizer paixão etc. Portanto, signo representa algo. Uma vaca pode ter signos diversos - escrita, desenhada, a mugir..."

      Como é bom andar por aí e  alargar o nosso repertório de signos! Isso mostra o quanto dominamos uma linguagem. E o que dizer daquilo que vai se transformando, que se formou ainda nos escassos traços do nheengatu - mistura de língua portuguesa, línguas africanas e línguas dos povos originários?  Me refiro aqui ao falar e ao  viver caiçara, às expressões com signos próprios do nosso lugar rente ao mar. Nossas vivências precisam considerar tudo isso para uma felicidade mais coerente, completa.

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