domingo, 19 de setembro de 2021

HISTÓRIA DO VENTO FORTE

     

Um mundo edificado pelas palavras (Arquivo JRS)


Ipê que se foi (Arquivo JRS)

    

    Bem cedo, na Rua da Cascata, vi a velha grumixameira, plantada pelo finado Dito Nunes, sendo cortada. Ainda bem que fiz mudas dela! Agora a calçada feia se mostra, mas ainda comeremos grumixamas em outros lugares. Eu garanto! Foi assim com aquele ipê que tanta gente fotografou no centro da cidade, na Rua Maranhão. É, minha gente, cortar árvores é fácil. Difícil é plantá-las. Mais difícil ainda é entender a importância delas em nossas vidas e defendê-las! Que tal buscar e espalhar a sabedoria?


     O mano Mingo, no poema História do vento forte, nos faz pensar nos caminhos das palavras que dão sentido às nossas vidas. Imagine os primitivos apenas fazendo barulho, depois escolhendo os sons e por fim semeando palavras na humanidade que nos fazem crescer em graça e sabedoria. Esta é uma possibilidade. A outra é de se iludir pelas palavras ou usá-las em motivos torpes, que degeneram espaços e comunidades: "Corta essa árvore", "Tira o emprego desse sujeito que vive criticando", "Fecha a escola porque pobre não precisa estudar", "Libera arma para todo mundo", "Paulo Freire é subversivo", "Façamos de tudo para o Brasil continuar nessa direção" etc.



A ventania de ontem me trouxe a história 

de quem teve a sorte de nascer

entre mar e mata de restinga,

onde há ranchos de canoas,

casinhas de caiçaras,

muita criação nos quintais

e mais as crianças de pés no chão,

que as mães têm que chamar pelos nomes:

Ana Maria! Eugênia! João!

para lembrar a hora de almoçar

e de tomar banho para ir à escola

para saber um pouco a mais todo dia

e crescer em graça e sabedoria.

É o vento forte que traduz melhor

o sentido das palavras que vêm

de muito, muito longe.


Em tempo: hoje comemoramos centenário do educador Paulo Freire. Viva!

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