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A festa da Santa Cruz remonta a antiguidade romana, quando se atribuiu à Helena, mãe do imperador Constantino no século IV, a recuperação daquela que teria sido a cruz de Cristo. Antes da reforma do calendário litúrgico após o Concílio Vaticano II, na década de 1960, tal festividade se dava no dia 3 de maio. Contam os antigos que, na praia do Camburi, na divisa com o Estado do Rio de Janeiro, acontecia a festa mais concorrida do município a cada mês de maio. A justificativa da mudança se deve ao fato de ter sido no dia 14 de setembro do ano 335 a consagração da Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Mas... E a data comemorativa da "Paz de Iperoig"? Como entrou nesta história?
Segundo a História, os povos originários da terra, a Nação Tupinambá, após sofrerem as perseguições e serem escravizados nas fazendas da Baixada Santista, se constituíram em uma resistência organizada, tendo apoio de outras nações indígenas. Formaram a Confederação Tamuya, a primeira resistência original organizada em terras do continente americano. Depois de muitos anos em guerra com os portugueses, enquanto o padre Anchieta ficou como garantia em Ubatuba, na aldeia de Coaquira, houve reunião em São Vicente com representantes das partes beligerantes. Diz os documentos que, em 14 de setembro de 1563, ocorreu a decisão final: os portugueses não perseguiriam mais os Tupinambá e estes não atacariam as fazendas dos adversários que plantavam cana-de-açúcar. É o que passou a ser a "Paz de Iperoig". Só que já sabemos que o trato não foi cumprido e houve a dizimação dos habitantes originários deste chão, da Ubatuba atual.
As datas estão se chocando desde quando ocorreu a reforma do calendário litúrgico na década de 1960. Agora, um desafio: Como fazer uma reflexão que una os espíritos cristãos aos espíritos da resistência indígena, cuja memória é de traição e etnocídio? Afinal não foi TRAIÇÃO DE IPEROIG? Como fazer essa porção que se diz cristã, inclusive gente minha, a se posicionar a favor da vida em vez de apoiar uma mentalidade, uma ideologia genocida? Como podemos nos comprometer e lutar diante da CRUZ PERMANENTE AOS POVOS INDÍGENAS, sobretudo mediante ao perigo de aprovação do marco temporal que tramita atualmente em Brasília?
Em tempo: um dilema histórico que apresentei ao amigo Rogério: "Se a vila tinha esse nome original, era porque a fundação se deu no Dia da Santa Cruz, concorda? Ou seja, teria sido em maio. E agora? Comemorar o aniversário da cidade ou a fundação da vila".
Obrigado pela aula de história e pela instigante reflexão.
ResponderExcluirNo fundo, pode ter ocorrido, para justificar o brasão municipal, a opção por solidificar o festejo de 14 de setembro que se tornara oficial pelo Vaticano.
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