Dona Gertrudes - Arquivo JRS |
Armazém do Maciel - Arquivo Tia Helô |
Eu morava na casa do Chico Maciel: comida farta feita pela Dona Luzia. Ela era mestra da cozinha e sabia tudo de culinária. Acordava-se cedo com o cheiro da ova assada na brasa do grande fogão a lenha. Gertrudes, sua auxiliar, era muito querida, além de contadora de "casos", como todo bom caiçara, adorava caçoar de todo mundo, sempre muito alegre, contava piadas e falava muito bem.
Sinto até hoje o bom cheiro de comida que impregnava a casa toda. E também o aconchego daquela gente que nos recebia como seus verdadeiros filhos.
Na escola, uma casinha bem na beira da maré, umas vinte crianças, em três fileira de carteiras: primeiro, segundo e terceiro ano do curso primário. Era difícil trabalhar assim, mas eu aprendi a lidar com as dificuldades. Dividia as lições, algumas escritas nas duas pequenas lousas de um metro de comprimento, outras lições já escritas nos cadernos dos alunos, que preparava no dia anterior, na parte da tarde, hora da minha folga. A dedicação era tanta que os resultados apareciam no fim do ano.
À noite, o dono da casa acendia os compridos lampiões de querosene, iluminando a grande roda de conversa que se formava ao redor da mesa, onde se armava uma jogatina de bingo e baralho até meia noite. Os mais dorminhocos recolhiam-se às nove horas. Outros como eu e alguns turistas, ficávamos jogando baralho e também jogando conversa fora. Uma delícia! Morei um ano na casa do Maciel e da Dona Luzia. Lembro-me do nascimento da filha menor deles, a Ivete Maciel.
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