Sol acima da ilha do Mar Virado (Arquivo JRS) |
A angústia faz parte do processo criativo, da sensibilidade de artista que vislumbra uma coisa, algo a realizar, mas nos entremeios surgem fatores que querem barrar a sua arte, controlá-la ou imprimir outro direcionamento. É quando se depara com dois caminhos: o da elite e o popular.
O caminho da elite é tentação permanente. O voltado ao popular faz se ajuntar a companheiros e companheiras de andanças, gente que passa por ribanceiras, quase cai pelos penhascos, segue rotas tortuosas e se alegra em festejos perseguindo um ideal. Quem está do outro lado, produzindo para a elite, faz zombarias e tenta atraí-los para si. Quantos talentos se desviam da nossa rota pelas vozes aliciantes do outro lado?
O que significa a esses andarilhos (que percorrem dois caminhos diferentes) uma instituição de cultura? Não tenho elementos suficientes para argumentar a respeito da cultura favorável à elite, aos interesses de poucos. Só sei que, quem se compõe nas realizações da cultura popular deve se vigiar para não ser arrastado pela correnteza do outro lado. Precisa se cuidar contra um esgotamento prematuro e nunca se desencantar de sua grande tarefa. A solidariedade, então, é a chave principal diante dos obstáculos que irão surgindo, das portas tenebrosas que parecem surgir do nada. A busca do conhecimento, o resgate de nossas raízes e o debate constante nos garantirão, sob salvaguarda de uma organização sólida. É se organizando que a gente ordena a nossa vida e os nossos projetos.
Neste tempo, de pessoas precisando se isolar pelo bem supremo que é a vida, o que mais fazer para renovar nossas forças?
Quem tal a sambista Beth Carvalho fechando agora?
Já me fiz a guerra por não saber (me leva, amor)
Que esta terra encerra meu bem-querer (amor)
E jamais termina meu caminhar (me leva, amor)
Só o amor me ensina onde vou chegar
(Por onde for, quero ser seu par).
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