Casa de farinha (Arquivo Rê) |
Os antigos, quando não conseguiam compreender conforme a racionalidade lógica, buscavam uma verdade emocional. Assim surgiram as lendas, os mitos, onde um pouco de tudo era alinhavado para a aceitação da comunidade, ganhava sentido, virava história que explicava uma situação. Mamãe contou uma vez de uma criança achada no mato por um casal. Era uma história daquelas que deixavam muitas pontas soltas, sem amarração, como se existisse uma verdade que não podia ser revelada. Mitômano é doença de quem não consegue viver sem mentir, tal como o excrementíssimo atual do nosso país, no dizer dos Galãs Feios. Desconfio que, pensando na situação descrita pela mãe, o mano Mingo escreveu esta preciosidade, esta lenda.
LENDA
Curumim perdeu-se no mato
e sua mãezinha não o encontrando
pediu para um bichinho voadorsubir até Nhanderu
e pedir sua ajuda para achá-lo
antes de chegar a hora
de jaguaretê sair à caça.
Nhanderu estava ocupado
forneando farinha de mandioca
então deu ao inseto o presente
de um milagroso lume
e mandou-o achar o menino
e foi assim que surgiu o vaga-lume
que aqui e acolá piscam suas luzinhas
e levam as crianças perdidas
de volta para suas mãezinhas.
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