domingo, 3 de janeiro de 2021

LENDA

 

Casa de farinha (Arquivo Rê)

       Os antigos, quando não conseguiam compreender conforme a racionalidade lógica, buscavam uma verdade emocional. Assim surgiram as lendas, os mitos, onde um pouco de tudo era alinhavado para a aceitação da comunidade, ganhava sentido, virava história que explicava uma situação. Mamãe contou uma vez de uma criança achada no mato por um casal. Era uma história daquelas que deixavam muitas pontas soltas, sem amarração, como se existisse uma verdade que não podia ser revelada. Mitômano é doença de quem não consegue viver sem mentir, tal como o excrementíssimo atual do nosso país, no dizer dos Galãs Feios. Desconfio que, pensando na situação descrita pela mãe, o mano Mingo escreveu esta preciosidade, esta lenda.


LENDA

Curumim perdeu-se no mato

e sua mãezinha não o encontrando

pediu para um bichinho voador

subir até Nhanderu

e pedir sua ajuda para achá-lo

antes de chegar a hora

de jaguaretê sair à caça.

Nhanderu estava ocupado

forneando farinha de mandioca

então deu ao inseto o presente

de um milagroso lume

e mandou-o achar o menino

e foi assim que surgiu o vaga-lume

que aqui e acolá piscam suas luzinhas

e levam as crianças perdidas

de volta para suas mãezinhas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário