Estrela na praia - Arquivo JRS |
Cedo, bem cedo, quando nem galo cantava ainda, estávamos acordados, conversando na sala. De repente, o telefone toca: "Oi, Zé. Tudo bem? Não é nada não; só queria saber se você tem 'folhinha' para me dizer em qual lua estamos". Era o meu sogro precisando desta informação.
Folhinha, para informar aos mais novos, é o mesmo que calendário. Ainda tem casas comerciais que, no final de cada ano, presenteia seus clientes com isso. Antigamente, cada mês tinha uma gravura, uma imagem. Além dos dias, neles se encontram os feriados e os dias das fases da Lua. Hoje, por razões econômicas, todos os meses estão em folha única e, rara exceções, sem imagens. A maioria dos comerciantes nem se preocupa mais em oferecer tal brinde aos clientes. No resto, permanece igual. As professoras do meus anos primários adoravam fixar imagens de folhinhas na lousa e pedir a atividade "Composição de texto a partir de uma gravura". Então, nós escrevíamos inspirados pelo que víamos. Eu gostava.
Mas por que o meu sogro queria saber da fase da Lua? "Ah! É um conhecimento moderno de alguns milhares de anos"!, brinquei com a minha filha. Os povos antigos descobriram que, conforme a apresentação desse astro no céu, as coisas aconteciam na Terra. No caso específico do meu sogro, é que ele não planta mandioca fora da Lua Nova. E está correto! Comprovadamente a rama depositada no chão nessa ocasião, brota com todo vigor na força da Lua Cheia, proporcionando vigorosas plantas. E tem caiçara que vive sem mandioca? Duvido! Assim, obedecendo as fases da Lua, os nossos antigos cortavam cabelos, aparavam as unhas, derrubavam árvores, separavam bambus, semeavam etc. Muitos casamentos e espera de nascimentos se davam com atenção às fases da Lua.
"Minha filha, consulta aí na internet o calendário lunar de 2022 e diz para o vô. Desconfio que a Nova é hoje ou amanhã. Na segunda-feira nós passamos no supermercado e pedimos um calendário. Diga isto; sossegue ele".
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