Ubatuba - Ilha dos Pescadores (Arquivo Ubatuba) |
Eu, chegando na cidade de Ubatuba, avistei a faixa convidando os visitantes a conhecerem o Mercado de Peixe. Onde fica? Ali, na desembocadura do Rio Grande de Ubatuba, mais conhecida como Barra dos Pescadores.
Minha primeira lembrança desse lugar, dessa ilha fluvial, no acesso à praia do Perequê-açu, data da primeira metade da década de 1970, quando estava acompanhando alguém que ia fazer compras na Cooperativa dos Servidores do D.E.R (Departamento de Estradas de Rodagem). No Arquivo Ubatuba achei uma imagem aérea antiga da ilha, com o edifício que existe até hoje e muito espaço ao redor, totalmente diferente de como se apresenta nos dias atuais. Se eu não me engano, atualmente, em estado meio que abandonado, aquele edifício pertence à Secretaria da Agricultura do Estado. Ao lado, entre ela e a Escola Esteves da Silva, fica o Mercado de Peixe Municipal. Mas como tudo começou? Será que havia algo antes desse empreendimento?
Do velho Ubatuba Hotel, na Praça da Matriz, escreveu a caiçara Idalina as suas memórias de meados do século XX:
"Cheguei da praia. Durante a minha ausência tinha chegado hóspede. Um deles conquistou-me desde logo. Simpático, alegre, dono de uma prosa que fazia muitos meses eu não tivera oportunidade de ouvir no hotel. Tornamo-nos bons amigos. Disse-me ser professor aposentado.
- Sou filho do município de Ubatuba. Nasci lá para os lados da Ribeira. Saí criança daqui, estudei, me formei. Porém, na minha mocidade, lecionando por este mundo afora, nunca esqueci minha terra; aqui estou agora, incumbido pelo governo do Estado de fundar o Entreposto de Pesca .
O professor Teodorico de Oliveira foi o primeiro homem que conheci naqueles dias, a serviço do governo do Estado, disposto a amparar o pequeno pescador.
Outros dias vieram. E era de ver a alegria que ele irradiava, metido em uma calça de zuarte grosseiro, camisa aberta ao peito, uma inseparável piteira nos lábios, movimentando-se entre os operários, exposto ao sol causticante que, no dizer dele, rejuvenescia.
E, daquele charco de guanxuma e lama, surgiram pouco a pouco os alicerces do edifício que atualmente é a sede do D.E.R.".
Estou, agora, imaginando agora aquela ilha totalmente deserta de gente, coberta de guanxumas e outras plantas típicas de mangue, cheia de caranguejos, passarinhos e pequenos animais; rodeada de água piscosa. Certamente, tal como era no mangue da Praia Dura nessa mesma época, ainda havia jacarés vivendo na água salobra, comendo do bom e do melhor.
Por volta do ano 2002, o saudoso Ney Martins me convidou para uma reunião no Casarão, sede da Fundart, com a presença de um grupo de estudantes dinamarqueses que apresentou um projeto de revitalização da Ilha dos Pescadores, um sonho do nosso grande folclorista. Será que morreu com ele ou permanece em alguma gaveta da Prefeitura?
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