Nunca é tarde para estudar (Aluna no CEEJA - Arquivo JRS) |
Dona Dalva (Arquivo Caiçaras) |
Certa vez, assistindo Central do Brasil, me emocionei demais pela história do filme. Tudo começa com a personagem principal, na estação de trem no Rio de Janeiro, escrevendo cartas, fazendo um benefício para pessoas analfabetas que queriam se comunicar com amigos e parentes distantes. Nessa ação heroica, gratuita, surge a história do menino que precisava reencontrar a família, na região Nordeste, muito longe dali. Infelizmente eu conheci gente assim, que não sabia escrever, resultando em perda de contatos com os seus, vivendo uma espécie de exílio por décadas. O baiano Bartolomeu foi um caso. Seo Zé, do Estado do Rio de Janeiro, foi outro. Acho que vale a pena resgatar suas histórias; já as publiquei. Felizmente também encontrei gente idosa, com netos e bisnetos, que retornou à escola. Que alegria poder acolher esse pessoal! Quem sabe quantas Coras Coralinas estão em formação?
"Quando eu era jovem tinha muita criança fora da escola. Dizia-se muito: 'estudar para quê? Pra mandar bilhetinho pro namorado?'. Era assim que a maioria pensava. O engraçado é que, durante muitos anos, recebi gente aqui na porta de casa que não sabia escrever e que vinha pedir para eu escrever as cartas que queriam mandar para os parentes. Escrevi muitas cartas para os moradores de Ubatuba". No ano 2000, a dona Dalva tinha 82 anos. O pesquisador grafou: "Dalva neves foi uma das primeiras professoras leigas de Ubatuba. Simpática, fala português correto, pausado e didático, como se estivesse permanentemente na presença de alunos desacostumados ao idioma oficial. Nasceu no Centro, em 1918".
Não é espetacular reforçar que o filme estava imitando a vida e que aqui, bem perto de nós, tínhamos a dona Dalva prestando ajuda igual, se alegrando por ter aprendido a ler e escrever?
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