terça-feira, 29 de junho de 2021

BOCA DA BARRA, CANOAS, FESTAS...

 

Maria Comprida, a veterana. (Arquivo Ubatuba)

1945 - Rio Grande de Ubatuba - boca da barra (Arquivo Borges Schmidt)





         Boca da barra é o lugar onde o rio se encontra com o mar. Quase sempre é por ela que embarcações entram e saem no dia a dia de quem vive da lida no mar, de quem também se distrai nele.  No caso de Ubatuba, por dar acesso ao Mercado de Peixes, o movimento é intenso. Em outros tempos, também era ali o local de contemplar embarcações abarrotadas de produtos da terra, trazidos de localidades mais distantes, desde o Camburi, Picinguaba e outras praias. Vinham vender seus produtos; ali era a rampa onde se puxavam as canoas. Até hoje é comum encontrar caiçaras se referirem àquela rua (Esteves da Silva) como Rua da Rampa.

      "As canoas eram os carros de antigamente", me afirmou um dia o saudoso Velho Rita. "Aqui no Itaguá, quem é mais velho é capaz de lembrar do finado Tibúrcio Mesquita chegando da Fortaleza, vindo lá do rumo do Patieiro, com a sua mudança na canoa. A peça mais valiosa era um oratório que precisou vir atravessado porque era enorme. Nas canoas se levava e se trazia de tudo, de quase tudo. Quando mais novo, quase criança, eu trabalhava descarregando, entrando e saindo da boca da barra da cidade no remo, porque tinha época que havia muitos desses barcos grandes esperando vez para atracar no porto da Prainha. Se o comandante estava sem paciência de esperar, a gente era contratado para descarregar usando canoas, remando. Era ocasião de ganhar um dinheirinho para poder ajudar em casa". 
 
     Hoje, bem cedo, o amigo Rogério, gente nossa da praia das Toninhas, me enviou imagens dos festejos de São Pedro Pescador. Não pude deixar de postar uma imagem com tanta gente boa junto da Maria Comprida, uma canoa que conheci na minha infância, na ocasião que passou um tempo no terreiro do nhonhô Armiro, na Fortaleza, debaixo de uma jaqueira, sendo lixada e pintada pelo tio Salvador Mesquita.
    
   Que sigam as festas e essa gente toda que rema! Que sigam as canoas e os pescadores caiçaras!

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